A isquemia intestinal ocorre quando o sangue não chega direito ao intestino. Essa redução do fluxo afeta o intestino delgado, o grosso ou ambos. Sem sangue suficiente, o tecido intestinal perde oxigênio e nutrientes. Em situações graves, o órgão sofre lesões sérias e pode até necrosar.
Esse problema surge de forma súbita ou se desenvolve aos poucos. Em muitos casos, o quadro aparece em pessoas com outras doenças vasculares. Entretanto, também atinge indivíduos mais jovens em situações específicas. Por isso, médicos consideram a isquemia intestinal uma urgência que exige atenção rápida.
O que é isquemia intestinal e por que preocupa?
A isquemia intestinal representa uma alteração na circulação que nutre o intestino. As artérias que levam sangue podem entupir ou estreitar. Em alguns casos, as veias que drenam o sangue também sofrem obstrução. Assim, o órgão deixa de receber o volume necessário para funcionar.
Os especialistas dividem o problema em alguns tipos. A forma aguda começa de repente e costuma ter evolução rápida. Já a forma crônica progride de maneira lenta. Nesta última, o corpo tenta se adaptar à redução do fluxo. Mesmo assim, o intestino sofre com a falta de oxigênio.
Quando o quadro se instala, a parede intestinal inflama e incha. Logo depois, bactérias presentes no intestino podem atravessar essa barreira. Dessa forma, o risco de infecção no abdômen e no sangue aumenta bastante. Em situações sem tratamento, a pessoa corre risco de morte.
Principais causas de isquemia intestinal
As causas da isquemia intestinal variam conforme o tipo de obstrução. Em muitos pacientes, um coágulo de sangue bloqueia uma artéria mesentérica. Esse coágulo geralmente se forma no coração e segue pela corrente sanguínea. Pessoas com arritmias, como fibrilação atrial, apresentam mais risco.
Outra causa frequente envolve placas de gordura nas artérias abdominais. Essas placas, chamadas de ateromas, estreitam os vasos com o tempo. Em algum momento, uma parte da placa se rompe e forma um trombo. Assim, o sangue deixa de circular naquele segmento do intestino.
Além disso, alguns fatores aumentam a chance de isquemia intestinal:
- Idade avançada, sobretudo após os 60 anos;
- Tabagismo, que agride as paredes dos vasos;
- Pressão alta e colesterol elevado;
- Diabetes mal controlado;
- Insuficiência cardíaca e arritmias;
- Doenças de coagulação que favorecem trombos;
- Uso de drogas ilícitas, como cocaína.
Em algumas situações, a isquemia aparece mesmo sem entupimento visível. Nesses casos, a pressão arterial cai muito, como em choques graves. Consequentemente, o sangue se afasta de órgãos menos vitais para proteger o cérebro e o coração. Assim, o intestino recebe pouco fluxo e sofre.
Quais são os sintomas da isquemia intestinal?
Os sintomas mudam bastante entre a forma aguda e a crônica. Na isquemia intestinal aguda, a dor abdominal surge de repente. Essa dor costuma ser intensa e constante. Em geral, a pessoa sente um desconforto maior do que o exame físico indica.
Outros sinais aparecem com frequência nessa fase:
- Náuseas e vômitos persistentes;
- Diarréia ou evacuações com sangue;
- Febre em fases mais avançadas;
- Inchaço abdominal progressivo;
- Queda de pressão e mal-estar intenso.
Na forma crônica, o quadro se mostra mais discreto. A dor aparece sempre após as refeições, principalmente maiores. O desconforto fica concentrado na região central do abdômen. De maneira geral, o paciente passa a comer menos por medo da dor. Com o tempo, ocorre perda de peso e fraqueza.
Qualquer dor súbita e forte no abdômen exige avaliação urgente. Esse cuidado vale ainda mais para pessoas com problemas cardíacos ou vasculares. A identificação precoce aumenta as chances de preservar o intestino.
Como os médicos diagnosticam a isquemia intestinal?
O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada. O profissional pergunta sobre doenças prévias, remédios e hábitos de vida. Em seguida, examina o abdômen, mede sinais vitais e observa o estado geral. Assim, cria uma primeira hipótese sobre o quadro.
Depois, o médico solicita exames laboratoriais e de imagem. Alguns marcadores sanguíneos indicam inflamação e sofrimento do intestino. No entanto, esses exames não confirmam o diagnóstico sozinhos. Por isso, o uso de métodos de imagem torna-se essencial.
A angiotomografia de abdômen aparece hoje como exame central. Ela mostra as artérias mesentéricas e as áreas com menor circulação. Em alguns casos, o especialista pede angiografia por cateter. Esse exame permite visualizar os vasos por dentro. Além disso, possibilita alguns tratamentos durante o próprio procedimento.
Tratamentos disponíveis para isquemia intestinal
O tratamento da isquemia intestinal varia conforme a causa e o tempo de evolução. Em situações agudas, as equipes iniciam medidas de suporte rapidamente. Assim, o paciente recebe soro, analgésicos e antibióticos venosos. Além disso, os profissionais controlam a pressão e o ritmo cardíaco.
Quando existe um coágulo em artéria mesentérica, várias opções surgem. Em alguns casos, o médico injeta remédios que dissolvem o trombo por cateter. Em outros, realiza angioplastia com balão e coloca stent. Caso a obstrução não permita esses métodos, a equipe parte para cirurgia aberta.
Durante a cirurgia, o cirurgião retira trechos necrosados do intestino. Em seguida, recompõe o trânsito quando encontra tecido saudável. Em quadros muito graves, o paciente passa por mais de uma operação. Desse modo, a equipe consegue avaliar a recuperação do órgão.
Na isquemia crônica, o foco se volta para a revascularização e o controle de riscos. Assim, os médicos utilizam:
- Remédios para afinar o sangue;
- Controle rigoroso da pressão e do diabetes;
- Suspensão do cigarro e de drogas que estreitam vasos;
- Procedimentos endovasculares para abrir artérias estreitas.
Além disso, o acompanhamento regular com angiologista, cirurgião vascular ou gastroenterologista torna-se essencial. Dessa forma, o paciente mantém o fluxo intestinal estável e reduz o risco de novas isquemias.
Em síntese, a isquemia intestinal exige atenção rápida, informação clara e acompanhamento contínuo. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, muitos quadros evoluem de forma favorável e preservam o funcionamento do intestino.