Intuição do corpo: como tomar decisões mais coerentes com quem você é

11 dez 2025 - 10h03
Intuição do corpo
Intuição do corpo
Foto: Pexels / Personare

Vivemos tempos em que a cabeça fala alto demais. A mente, estimulada por uma sequência infinita de notificações e exigências, tenta organizar o mundo por meio de planilhas e previsões. Mas há algo em nós — silencioso, rítmico, ancestral — que continua insistindo em falar outra língua: a intuição do corpo.

Neste texto, você vai encontrar:

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  • Como o corpo percebe antes da razão
  • Por que fomos ensinadas a desconfiar das sensações físicas
  • O que é sabedoria somática e como ela se expressa
  • Como sintomas, exaustão, sono, fome e desejo também são formas de linguagem

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O que é intuição do corpo?

A intuição não é uma ideia etérea, mas uma inteligência orgânica. Está nos ossos, no ritmo respiratório, nas microrreações que nos atravessam.

Somos seres encarnados em antenas vivas, capazes de captar o que não é dito, o que vibra. E o corpo é o primeiro instrumento de escuta. Para deixar isso claro, chamo aqui de intuição do corpo.

No livro Como sei o que sei, que lancei pela Editora Planeta (selo Academia), explico que

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o corpo sabe antes que a razão compreenda. Ele antecipa o que a consciência ainda não alcançou.

No instante em que entramos num ambiente e sentimos o ar pesar; quando uma conversa nos enrijece o estômago ou quando, ao contrário, o peito se abre em expansão — é a intuição se manifestando através da carne.

Por que aprendemos a calar a intuição do corpo?

Durante séculos, fomos ensinadas a desconfiar do corpo. A achar que o que sentirmos é frescura.

A cultura ocidental colocou a mente no topo da hierarquia, enquanto o corpo passou a ser visto como instável, enganoso, pecaminoso até.

Mas quando nos afastamos da sua linguagem, perdemos a bússola que nos orienta para o essencial. Voltamos a errar caminhos que o corpo já havia sinalizado com um simples arrepio.

É aí que entra a importância da sabedoria somática.

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O que é sabedoria somática?

A sabedoria somática é a forma mais prática e esquecida de inteligência intuitiva — é a forma como a intuição do corpo se organiza em linguagem.

O corpo fala em temperatura, em ritmo, em pressão. Ele se contrai quando algo não é verdadeiro. Ele relaxa quando algo está em coerência.

Essa percepção não é mágica, é fisiológica. É o sistema nervoso decodificando perigo ou sintonia, ameaça ou acolhimento, tensão ou presença.

É por meio do que podemos chamar de intuição que chegamos um pouco atrasados a uma reunião e, ao abrir a porta, sentimos que o negócio ali não vai bem: não vimos nem ouvimos praticamente nada, mas podemos captar e perceber muito do que estava acontecendo.

Isso ocorre, pois no momento em que chego atrasada e sinto que algo não vai bem, meu sistema de "antenas" está captando informações do que está acontecendo naquela sala, mesmo que eu não saiba explicar como isso acontece. 

Em meu livro Como sei o que sei, a neurocientista Inês Cozzo me explica sobre essa situação: vamos supor que algo foi dito algo e causou raiva aos participantes, pois foi muito injusto. 

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Na sequência, as pessoas passaram a sentir medo pelas consequências daquela fala, o risco de demissão da equipe ou algo do tipo. Com os sentimentos de raiva e medo, o corpo inteiro entra em alarme.

A hipófise avisa a glândula pituitária que começa a produzir pré-adrenalina e cortisol. Esses hormônios correm pelas veias, pelo nosso sangue e por todo o corpo até chegar aos grandes músculos e às nossas extremidades, o que aciona nosso comportamento de luta e fuga. 

"Vivemos numa sociedade em que o modo luta e fuga não acontece mais como acontecia nas savanas na época das cavernas. Ninguém vai dar um soco na cara do diretor nem sair correndo da reunião", ela me diz.

As pessoas permanecerão na reunião, mas não terão o que fazer ou como extravasar esse intenso processo estressante dentro delas. A produção dos hormônios acontece, mas fica estagnada no organismo das pessoas. 

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Esse é só um exemplo, mas acontece a todo instante. É por isso que precisamos voltar a ouvir essa intuição natural do corpo.

Como o corpo fala com você no dia a dia?

Aprender a ler o corpo é reaprender a escutar o invisível. É observar onde a energia flui e onde ela estanca. É entender que exaustão não é fraqueza, mas sinal de desalinhamento.

Que uma dor insistente pode ser uma verdade não dita. Que o sono, a fome, o desejo e o silêncio são formas de linguagem.

Nos nossos dias, tão sobrecarregados de informação, o corpo se torna a única bússola confiável. Ele não negocia com o ego, não se deixa seduzir por máscaras. Ele simplesmente mostra — e cabe a nós ver.

A intuição, então, deixa de ser um dom misterioso para se revelar como uma prática cotidiana de atenção.

Escutar o corpo é um ato de reconciliação

Escutar o corpo é permitir que o saber volte a pulsar com o ritmo da respiração. É reconhecer que o pensamento mais luminoso pode nascer de um gesto pequeno, de um músculo que relaxa, de um passo que desacelera.

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O corpo nos chama de volta ao tempo real, aquele em que a vida acontece: o agora.

E quando o corpo volta a ser bússola, o caminho deixa de ser um mapa a ser decifrado e passa a ser uma dança — entre o visível e o sensível, entre o que sabemos e o que sentimos.

Nesse espaço de integração, a intuição encontra seu verdadeiro lar: dentro da pele, onde ciência e mistério se reencontram.

Aprofunde-se no tema

No livro Como sei o que sei - a intuição como trilha para nossa inteligência ancestral, aprofundo a ideia de que a intuição é uma trilha para reconectar com uma inteligência ancestral, que vive no corpo e na maneira como ele responde ao mundo.

O livro está à venda na Amazon e em todas as grandes livrarias, com preço entre R$ 52 e R$ 62.

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Petria Chaves (petriachaves@gmail.com)

- Jornalista, escritora e apresentadora da Rádio CBN. Autora dos livros Escute teu silêncio e Como sei o que sei, investiga o poder da escuta e da intuição como trilhas para a inteligência ancestral.

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