Ondas de calor extremo como a da última semana colocam o corpo sob estresse: para manter a temperatura interna estável, o organismo aumenta a transpiração, ajusta a circulação e depende de uma reposição constante de líquidos e sais minerais.
Quando esses mecanismos falham ou são insuficientes, cresce o risco de desidratação e de hipertermia, quadro em que o corpo é incapaz de dissipar o calor. Idosos e crianças são mais vulneráveis a problemas do tipo, o que exige cuidado extra com eles em dias mais quentes.
Idosos
Por conta do envelhecimento, os idosos já tendem a ter uma composição corporal com menos água. Além disso, com o passar dos anos, a sensação de sede diminui e a transpiração pode ser menor.
Tudo isso aumenta o risco de desidratação, o que reduz a capacidade do corpo de regular a pressão arterial e ajustar a temperatura corporal em dias muito quentes.
O idoso pode ficar desidratado sem perceber, especialmente se ficar em ambientes abafados, com pouca circulação de ar, ou se mantiver a rotina normal de atividade física e exposição ao sol mesmo nos dias com os termômetros em alta.
Um sinal de alerta é quando o idoso relata uma sensação interna de aquecimento, como se estivesse "cozinhando por dentro", quadro chamado de intermação. Nesses casos, o corpo aquece, não consegue liberar o calor e entra em hipertermia.
Nessas situações, é fundamental interromper a exposição ao calor, resfriar o ambiente e reforçar a hidratação.
Muitos idosos não sentem vontade de beber água mesmo quando o organismo precisa. Para contornar isso, especialistas sugerem diversificar as fontes de líquidos, oferecendo água saborizada, sucos leves, chás frescos e água de coco.
Outra medida simples é deixar garrafas e copos em locais visíveis e fáceis de alcançar, criando lembretes visuais e facilitando a ingestão ao longo do dia. A recomendação diária é de 30 a 35 ml de água para cada quilo de peso corporal.
Na alimentação, a orientação é manter refeições leves, com frutas e legumes, e evitar álcool, já que ele pode favorecer a desidratação.
Se a pessoa usa remédios para circulação ou coração, pode ser necessário que o cardiologista avalie ajustes de dose durante períodos de calor intenso, para reduzir o risco de queda de pressão mais acentuada.
Crianças e bebês
Crianças também são mais suscetíveis a hipertermia e a queimaduras solares. A exposição solar entre as 10h e as 16h, quando há maior incidência de raios ultravioletas mais danosos, deve, portanto, ser evitada.
Se estiver com a criança ao ar livre, como na praia ou na piscina, redobre o cuidado com proteção solars. Além do filtro solar, use chapéu e roupas de banho com proteção contra os raios ultravioleta.
Quadros de desidratação tendem a ser mais graves nessa faixa etária, o que exige vigilância contínua da ingestão de líquidos, além de pausas em locais com sombra e ventilados.
Em bebês, nem sempre é fácil perceber o desconforto térmico. Irritabilidade e choro podem ser os primeiros sinais de calor excessivo, e a desidratação pode se instalar com mais rapidez.
Os pais e cuidadores devem observar a frequência e o volume de urina: se a criança passar de seis sem fazer xixi, um quadro de desidratação pode já estar instalado.
Outros indícios incluem moleira afundada, olhos mais fundos e boca seca. Ao notar esses sinais, o recomendado é aumentar a oferta de líquidos e observar a resposta; se não houver melhora, é importante procurar avaliação médica.
Na hora de dormir, o ar-condicionado pode ser usado mesmo para bebês, mas alguns cuidados devem ser adotados: ligue o aparelho alguns minutos antes de o bebê entrar no quarto, mantenha a temperatura em torno de 23°C e evite que o vento seja direcionado para a criança.
O mesmo vale para ventiladores, que não devem ficar apontados diretamente: o fluxo pode ser colocado para cima ou para uma parede, para circular o ar sem incidir sobre o corpo da criança.