O peixe que sobreviveu aos dinossauros: conheça o celacanto

Reconhecido agora como um verdadeiro fóssil vivo, o peixe celacanto chamou a atenção não só pelo seu reaparecimento, mas também por suas características anatômicas singulares. Saiba mais!

29 nov 2025 - 08h30

Durante muito tempo, o celacanto foi citado apenas nos registros fósseis e sua existência era considerada restrita ao passado distante da Terra. Esse peixe, com aparência pré-histórica, representa uma espécie que muitos cientistas classificaram como extinta desde o período Cretáceo, cerca de 66 milhões de anos atrás. No entanto, em 1938, pescadores africanos trouxeram à tona um exemplar, surpreendendo a comunidade científica e alterando o entendimento sobre extinção e sobrevivência de algumas espécies.

Reconhecido agora como um verdadeiro fóssil vivo, o celacanto chamou a atenção não só pelo seu reaparecimento, mas também por suas características anatômicas singulares. O animal exibe nadadeiras lobadas, diferenciando-se da maioria dos peixes modernos, e apresenta adaptações que remontam a um estágio evolutivo intermediário entre os peixes e os primeiros vertebrados terrestres.

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A dificuldade de encontrar o celacanto se deve principalmente a seu habitat restrito e de difícil acesso – depositphotos.com / alessandrozocc
A dificuldade de encontrar o celacanto se deve principalmente a seu habitat restrito e de difícil acesso – depositphotos.com / alessandrozocc
Foto: Giro 10

Por que o celacanto foi considerado extinto?

Antes de sua redescoberta, o celacanto era conhecido apenas por fósseis, encontrados em formações rochosas que datam de períodos geológicos muito antigos. A ausência de registros recentes fez com que os especialistas assumissem sua extinção. Durante séculos, nada indicava que ele poderia sobreviver nas profundezas dos oceanos até que um espécime vivo foi encontrado perto da costa da África do Sul.

A dificuldade de encontrar o celacanto se deve principalmente a seu habitat restrito e de difícil acesso. Ele habita grandes profundidades, em cavernas e recifes submersos, o que dificultou sua detecção ao longo dos anos. Esses fatores, aliados à aparência semelhante à dos fósseis, fortaleceram a ideia de que a espécie havia realmente desaparecido.

Como o celacanto sobreviveu até os dias de hoje?

O segredo da sobrevivência do celacanto está relacionado à sua capacidade de se adaptar a ambientes extremos. Ele vive em águas profundas, geralmente entre 150 e 700 metros, onde há pouca luz e condições estáveis ao longo das eras. Essas zonas abissais funcionam como verdadeiros refúgios naturais, protegendo a espécie de mudanças ambientais drásticas e de grandes predadores.

Outro fator importante é o estilo de vida do celacanto, marcado por baixos níveis de atividade e metabolismo reduzido. Tais características lhe permitem sobreviver com poucas fontes de alimento disponíveis, aproveitando recursos escassos do ambiente marinho. Além disso, sua reprodução é lenta, com gestação que pode durar até três anos, o que contribui para a baixa taxa de renovação populacional.

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Quais as características únicas do celacanto?

No universo dos peixes, o celacanto apresenta particularidades que o diferenciam de outras espécies. Suas nadadeiras lobadas, compostas por músculos e ossos semelhantes aos membros dos primeiros tetrápodes, funcionam quase como "membros rudimentares". Essa estrutura indica uma ligação direta com os ancestrais dos vertebrados terrestres.

  • Corpo robusto: O celacanto pode atingir até dois metros de comprimento e pesar quase cem quilos.
  • Movimento distinto: Usando as nadadeiras alternadamente, o peixe executa um nado peculiar, considerado uma relíquia evolutiva.
  • Órgão vestigial: O celacanto possui um órgão chamado notocorda, um tipo de coluna vertebral primitiva repleta de fluido, característica ausente nos peixes modernos.
  • Vida longeva: Estudos recentes sugerem que algumas populações podem viver até cem anos.

O celacanto também tem um "pulmão" inativo, vestígio de uma época em que seus ancestrais possuíram a capacidade de respirar fora d'água, reforçando seu papel central nos estudos sobre evolução dos vertebrados.

No universo dos peixes, o celacanto apresenta particularidades que o diferenciam de outras espécies – depositphotos.com / CoreyFord
Foto: Giro 10

Qual o impacto do celacanto para a ciência moderna?

A redescoberta do celacanto provocou uma verdadeira revolução na Biologia Evolutiva. Pesquisadores passaram a examinar não apenas sua genética, mas também seu papel como elo entre peixes e animais terrestres. O sequenciamento de seu DNA permitiu entender melhor como se deu a passagem de vertebrados aquáticos para terrestres.

Além disso, o estudo desse peixe colaborou para o desenvolvimento de estratégias de conservação marinha. A ameaça de extinção da espécie, devido à pesca acidental e degradação do habitat, mobilizou esforços internacionais em prol de sua proteção.

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Curiosidades sobre o celacanto

  • Existem pelo menos duas espécies conhecidas: Latimeria chalumnae, encontrada ao largo da África, e Latimeria menadoensis, localizada na Indonésia.
  • O seu nome homenageia Marjorie Courtenay-Latimer, a pesquisadora que identificou o primeiro espécime vivo.
  • O formato do corpo e dos movimentos inspirou diversos estudos sobre locomoção e biomecânica em organismos antigos.

O celacanto permanece como um dos organismos mais enigmáticos do planeta, símbolo de resiliência e sobrevivência. Seu estudo contínuo contribui para ampliar o conhecimento sobre a história da vida nos oceanos e os desafios enfrentados pelas espécies durante a evolução terrestre.

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