Para uma vidente como eu, acostumada com os episódios e as voltas entre amor e desamor, o Carnaval é uma época em que meus clientes devem se manter mais em alerta, porque a festa mexe com o imaginário e insufla o lado mais libertário da personalidade.
Portanto, muitas vezes, não é incomum que alguns casais acabem por “dar um tempo” na relação enquanto duram os festejos de Carnaval. Assim, por muitos carnavais adentro, ganhei o hábito, enquanto enxugava lágrimas, de explicar para as pessoas enamoradas que se tratava apenas de “um momento”, que o par amoroso voltaria ao terminar a folia – é comum.
Parece uma herança atávica a necessidade de fantasiar, cantar, pular e fazer de conta que se está derrubando todos os tabus. Como dizia o poeta, a farra é boa, mas, não adianta, acaba na quarta-feira.
As próprias marchinhas de Carnaval denotam essa força localizada entre grande euforia e tristeza. Muitas delas expressam, ao lado das cheias de alegria e comemoração, perda: “Jardineira, por que estás tão triste?”, “Um Pierrot apaixonado... Acabou chorando, acabou chorando”.
Também inúmeras músicas clássicas, sambas, sambas-canção, que tematizam o Carnaval, mergulham nesse tom acinzentado, exemplos de perda e de tristeza: “Chegou o Carnaval e ela não desfilou pra mim”, “Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua”.
Em meio a esses contrastes, a essas nuances, as pessoas tem impulso de grande participação, de sair correndo e se unir ao bloco. A parte complementar do casal, a que é abandonada, que não pula de cabeça no Carnaval, está diante da seguinte escolha: romper ou ser tolerante.
A opção de tolerância gera menor risco de perda definitiva do par amoroso. Sabe-se que, frequentemente, abaixada a poeira, a vida se reconstitui e tende a ser como antes.
Levando-se em conta de que pode se tratar apenas “uma puladinha de Carnaval”, o melhor pode ser apenas relevar. Deixe passar o cortejo do Rei Momo e reassuma a relação – que pode, inclusive, amadurecer e se desenvolver com maior firmeza.
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