O ator Donald Glover sofreu um AVC após um show, revelando ter um "buraco no coração"; o caso destaca os riscos de quadros silenciosos e a importância de reconhecer os sinais de alerta para prevenção.
O que aconteceu com o ator, músico e comediante Donald Glover, de 42 anos, é um alerta de que acidentes vasculares cerebrais (AVCs) podem acontecer de forma silenciosa. Também conhecido como Childish Gambino, ele descobriu ter sofrido um AVC horas depois de sentir uma forte dor de cabeça durante um show em setembro de 2024. Ele fez a revelação na semana passada. Durante exames, ele também foi diagnosticado com um “buraco no coração”, condição chamada de forame oval patente.
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Segundo o médico neurologista e neurocirurgião Alexandre Amaral, o AVC pode ocorrer de duas formas:
- pelo entupimento de um vaso sanguíneo, chamado de isquêmico,
- ou pelo rompimento de um vaso, conhecido como hemorrágico.
Ele explica que ambos podem se manifestar em diferentes graus de gravidade.
“São pequenos acidentes vasculares, que vão acontecendo de forma silenciosa, no dia a dia, sem que a pessoa perceba. Esses episódios vão se somando ao longo do tempo até que, em determinado momento, ocorre o comprometimento de uma grande área do cérebro”, afirmou.
'Buraco no coração' pode ser a causa de AVC
O neurologista Flavio Sallem, do Hospital Japonês Santa Cruz, chama atenção para os tipos de lesões do AVC. Em geral, aquelas localizadas na parte posterior do cérebro, especialmente no lado direito, como ocorreu com Donald Glover, podem ser silenciosas.
“Muitas vezes, o paciente só descobre que teve um AVC quando faz uma tomografia por outro motivo”, ressalta.
Em pacientes jovens e sem fatores de risco aparentes, uma das possíveis causas do AVC é o forame oval patente (o "buraco no coração"), segundo Sallem. Trata-se de uma abertura entre as câmaras do coração que permite a passagem anormal do sangue de um lado para o outro.
“Em situações de esforço físico, esse fluxo pode levar pequenos coágulos ao cérebro, provocando o derrame. O mecanismo é chamado de embolia paradoxal”, explicou e também pontuou que pode ser o caso de Glover.
Principais sinais de alerta
Apesar de silencioso em alguns casos, o principal sinal de alerta do AVC é uma dor de cabeça intensa, diferente do habitual e que não melhora com analgésicos. Outros sintomas incluem visão embaçada, dificuldade para falar, confusão mental, perda de força nos braços ou nas pernas, tontura, desequilíbrio e assimetria no rosto.
“Esses sinais mostram que áreas importantes do cérebro, responsáveis pela fala, visão, movimento e equilíbrio, estão sendo afetadas”, destacou Amaral.
AVC isquêmico é o mais comum
De acordo com Sallem, cerca de 85% dos AVCs são do tipo isquêmico, causados por obstrução do vaso, enquanto 15% são hemorrágicos, provocados por sangramento no cérebro. A distinção entre eles só pode ser feita por exames de imagem, como a tomografia de crânio.
Prevenção
Os médicos reforçam que, embora exista tratamento, a prevenção ainda é a principal forma de combate à doença. Manter a pressão arterial controlada, tratar diabetes, praticar atividade física, evitar cigarro, adotar uma alimentação equilibrada e fazer acompanhamento médico regular são medidas essenciais.
“O grande problema é que, depois que o dano ao sistema nervoso acontece, muitas vezes não é possível reverter totalmente. Por isso, a melhor estratégia é evitar que o AVC aconteça”, ressaltou Alexandre.