A tendência global "Clean Beauty" promove produtos de beleza sustentáveis, com fórmulas mais naturais, transparentes e livres de ingredientes nocivos, refletindo a busca por bem-estar e responsabilidade ambiental no setor.
Uma beleza mais consciente e menos agressiva, tanto para o corpo humano quanto para o planeta, é uma das tendências no mercado de autocuidado global. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal (ABIHPEC), o interesse por produtos e empresas que conseguem entregar bem-estar, transparência e responsabilidade ambiental é crescente entre os consumidores.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
A tendência é conhecida como Clean Beauty (beleza limpa, na tradução literal). O conceito propõe o uso de cosméticos e produtos de skincare livres de ingredientes potencialmente nocivos e produzidos de forma transparente, com clareza sobre o que compõe suas fórmulas.
“A denominação tem sido utilizada por marcas e consumidores para designar produtos que buscam reduzir o uso de determinados ingredientes, privilegiar matérias-primas de origem natural e adotar práticas mais transparentes e responsáveis em toda a cadeia de produção. Entretanto, por se tratar de um nicho de mercado, o conceito carece de clareza e uniformidade, pois o consumidor pode ser levado a interpretações equivocadas ou induzido a conclusões incorretas sobre segurança ou qualidade dos produtos”, explica a Diretora de Assuntos Regulatórios & Inovação da ABIHPEC, Ariadne Morais, ao Terra.
Por que o movimento ganhou força
Para Ariadne, o movimento reflete uma mudança importante no comportamento do consumidor e na forma como a indústria se comunica.
“A ABIHPEC reconhece a relevância desse movimento como parte da evolução do setor e da ampliação do diálogo entre a indústria, os consumidores e os órgãos reguladores sobre sustentabilidade, inovação e bem-estar”, diz a especialista.
Apesar do avanço, ela ressalta que o termo ainda não possui uma definição técnica ou regulatória oficial no Brasil e em países considerados como referências no setor, o que exige cautela na interpretação.
“A comunicação sobre o tema deve ser precisa, transparente e baseada em evidências científicas, evitando práticas que possam ser confundidas com greenwashing”, destaca. “O movimento Clean Beauty é positivo quando orientado por ciência, transparência e sustentabilidade e não percepções equivocadas sobre ingredientes ou processos produtivos”.
Como identificar um produto clean
De acordo com a ABIHPEC, todos os produtos de beleza e cuidados pessoais comercializados no Brasil são rigorosamente regulamentados pela Anvisa, com base em evidências científicas que garantem segurança, eficácia e qualidade.
Embora não exista uma certificação oficial para o rótulo “clean”, há consenso de que esses produtos geralmente evitam ingredientes como parabenos, sais de alumínio, ftalatos e sulfatos. A leitura atenta do rótulo continua sendo a melhor forma de identificar os componentes. “A segurança e a eficácia dos cosméticos dependem do perfil toxicológico dos ingredientes, das concentrações e da formulação final e não do rótulo ou da comunicação de marketing”, diz Morais.
“Essa abordagem está em conformidade com a prática regulatória global, na qual autoridades como a Anvisa, a FDA e a Comissão Europeia avaliam produtos com base em evidências científicas e listas de restrições de ingredientes, independentemente de termos como “clean” ou “natural”, garantindo que qualquer tipo de produto seja seguro, eficaz e que tenha qualidade”, conclui.