O calor registrado esta semana em cinco estados da região Sudeste e Centro-Oeste é uma amostra do que os brasileiros podem esperar para o próximo verão. As análises da Climatempo, a maior e mais reconhecida empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina, apontam que as temperaturas deverão permanecer elevadas em boa parte da estação, com mais dias batendo a marca de 40 °C e um calor mais constante do que o registrado no mesmo período do ano passado.
"O fenômeno do El Niño vai se acentuar entre dezembro e janeiro, fazendo com que as temperaturas fiquem elevadas em boa parte do verão. Teremos mais dias ensolarados", afirma Vinicius Henrique de Lima, climatologista da Climatempo. Esse quadro também provocará muitas pancadas de chuva, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. "As chuvas serão mais localizadas, mas mais intensas, no formato de pancadas de menor duração", acrescenta.
As áreas litorâneas, como o litoral paulista e do Rio de Janeiro, serão as que registrarão as temperaturas mais altas, e também mais pancadas de chuvas. "Em dezembro, teremos 150 mm de chuvas em São Paulo e até 200 mm no Rio Grande do Sul, mas isto não significa que haverá alagamentos", observa o meteorologista Willians Bini, Head de Comunicação da Climatempo, ao ressaltar que São Paulo terá um janeiro de menos chuvas, embora a instabilidade prevaleça no Rio Grande do Sul.
Os Estados de Santa Catarina e Paraná também terão calor acima da média, com temperaturas acima de 40 °C e tempo abafado. Já áreas do Brasil Central (Goiás, Brasília e Cuiabá) terão mais chuvas do que o normal, bem como a Amazônia Ocidental (Acre e Rondônia), o que pode contribuir para melhorar os níveis dos rios da região. Ainda assim, as chuvas que chegarão à região Norte não serão tão intensas em 2023 se comparadas ao mesmo período do ano passado, o que pode atrasar a recuperação do atual período de seca.
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Calor impulsiona vendas
A perspectiva de um verão mais quente e ensolarado deverá favorecer as vendas de produtos como ventiladores, condicionadores de ar, protetores solar, alimentos e bebidas típicas da estação, entre outros, segundo destaca Willians Bini. "As vendas de água crescem 40% quando há um incremento de 0,5 grau na temperatura, e a de cervejas, 1,51%", conta ele.
"Variações de temperaturas têm um impacto direto nos mais variados setores, do agronegócio à indústria de alimentos, cosméticos e vestuário, e pode até levar a revisões nas políticas públicas de saúde", explica o Head de Comunicação da Climatempo.
Ele conta que a Climatempo tem registrado um aumento do número de empresas em busca de informações estratégicas sobre o clima para apoiar o planejamento de curto, médio e longo prazos, a fim de reduzir o risco do negócio. São empresas de varejo em setores como beauty e, confecção, mas também indústrias, incluindo farmacêutica, refrigeração, de alimentos e bebidas, além daquelas mais diretamente afetadas, como as da agroindústria, de energia e de logística.
Em relação às mudanças que estão ocorrendo no clima, Bini observa que é necessário considerar uma somatória de fatores. Ele destaca, por exemplo, os ciclos climáticos de longo prazo, as ações antropogênicas - aquelas que são decorrentes da atuação do ser humano, especialmente após a Revolução Industrial -, os fenômenos climáticos como o El Niño e La Niña, bem como as combinações entre esses fatores.
"Não há dúvida de que o atual processo de mudanças climáticas em andamento vem provocando o aquecimento do planeta e intensificando os eventos extremos de clima, que também estão mais frequentes. Basta observar o aumento da incidência de episódios de calor extremo, temporais, enchentes, ciclones, períodos secos, queimadas, entre outros", completa o Head da Climatempo.