Governo lança plataforma de hospedagem da COP-30 após pressão de países

Delegações, incluindo nações africanas, sugeriram que conferência fosse realocada; associação de hotéis afirma que quartos estão reservados para as delegações

1 ago 2025 - 18h02
(atualizado às 22h01)

O governo federal disponibilizou nesta sexta-feira, 1º, a plataforma oficial de hospedagem para a COP-30, que será realizada em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro.

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O servidor chegou a ficar sobrecarregado em alguns momentos do dia, formando uma fila de acessos.

O site foi lançado com 2.700 leitos em hotéis, casas e apartamentos privados a preços variados. Segundo a Secretaria Extraordinária da COP-30, novos apartamentos serão adicionados diariamente à medida que forem incluídos pelas agências.

Cabines em dois navios de cruzeiro que ficarão atracados no Porto de Outeiro, a 20 quilômetros do local do evento, irão adicionar até 6 mil leitos à oferta.

A crise relacionada aos preços de acomodação ofertados durante a conferência do clima da ONU na capital paraense se estende há meses e chegou a um ponto crítico com a carta assinada por 29 delegações participantes, que sugere a realização do evento ou parte dele em outro lugar se não houver garantia de acomodações adequadas e acessíveis.

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Presidente da COP-30, o embaixador André Corrêa do Lago negou qualquer possibilidade de que o fórum seja transferido, no todo ou em parte, de Belém.

Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará (ABIH-Pa) rebateu as declarações de André Lago, presidente da COP, referentes à disponibilidade e às tarifas de hospedagem para o evento a ser realizado em Belém. "É importante registrar que o embaixador encontra-se mal informado sobre o esforço do setor hoteleiro para atender às demandas apresentadas. No início de junho deste ano, a hotelaria de Belém foi oficialmente solicitada a disponibilizar 500 apartamentos destinados a delegações de países economicamente menos favorecidos, cujos custos são subsidiados pela ONU", disse a entidade, em nota.

O governo do Pará diz que vem adotando soluções para ampliar a oferta de hospedagem em Belém e na região metropolitana durante a COP-30. Além da rede hoteleira já existente, estão em construção novos hotéis, como o Vila COP, que contará com 405 leitos para delegados e líderes.

A União contratou ainda navios para hospedagem flutuante, e escolas da rede estadual estão sendo adaptadas no padrão hostel para receber visitantes.

O risco é que a falta de hospedagem afete as negociações e a legitimidade da COP no Brasil, caso países menos desenvolvidos, representantes da sociedade civil e de empresas não consigam participar.

Governo atrasou lançamento de plataforma oficial

O governo federal demorou a gerenciar a oferta de hospedagem em uma plataforma oficial, o que contribuiu para que parte das acomodações alcançassem preços exorbitantes em plataformas privadas. O plano inicial era que o sistema virtual já estivesse em funcionamento de março a junho, mas começou a operar com acesso restrito às delegações oficiais dos países com meses de atraso.

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Em plataformas privadas de locação temporária, os preços de estadia no período da COP chegam a 1,5 milhão.

Em junho, o governo federal e entidades do setor imobiliário de Belém assinaram um termo de compromisso para que corretores e imobiliárias excluam anúncios de imóveis para locação com preços abusivos e não façam cobrança de "over-price" no período da COP, sob risco de sofrer sanções financeiras, como multas.

Apesar dos esforços de negociação do governo com os setores hoteleiro e imobiliário, ainda não houve acordo que garanta preços acessíveis para atender a demanda de países pobres e garantir participação de outros setores, como movimentos sociais e empresas.

Segundo o Ministério do Turismo, houve tentativa de estabelecer um Termo de Ajuste de Conduta preventivo com os setores hoteleiro e imobiliário, que foi rechaçado. Junto à Secretaria Extraordinária da COP30 e ao Serviço Nacional de Apoio ao Consumidor (Senacon), propôs-se então o termo de compromisso, que também não foi assinado pelos hotéis.

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