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Marina Silva reclama de preços de hotéis em Belém, mas não cogita mudar sede da COP-30

Valores estão até 15 vezes mais caros do que o habitual, segundo a ministra do Meio Ambiente; associação de hotéis afirma que quartos subsidiados pela ONU estão reservados para as delegações

2 ago 2025 - 00h27
(atualizado às 08h00)
Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva
Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva
Foto: Reprodução/EBC

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta sexta-feira, 1.º, que é "um verdadeiro achaque" e "absurdo dos absurdos" o aumento no preço da hospedagem em Belém para a COP-30, a conferência do clima prevista para ocorrer na capital paraense em novembro. Segundo a ministra, o governo está trabalhando para que mesmo os países mais vulneráveis tenham condições de participar do evento.

Marina participou de uma mesa de debates na Feira Literária de Paraty (Flip), onde falou com os jornalistas. "O que está acontecendo, como disse o embaixador Corrêa do Lago (presidente da organização da COP-30), é um verdadeiro achaque. Não podemos aceitar que os países todos que estão preocupados com o futuro das suas existências, principalmente os países mais vulneráveis, não possam participar de uma das COPs mais importantes da nossa história", disse a ministra.

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"Em outros países, quando tem COP, você tem um aumento dos preços da hospedagem, mas é algo em torno de dobrar ou no máximo triplicar. (Em Belém) Estamos com preços que são 10 vezes maiores, em algumas situações 15 vezes maiores (do que o praticado habitualmente). Isso é um absurdo, o absurdo dos absurdos", classificou Marina.

"Existe uma ética comercial. O fato de uma demanda que pode estar sendo considerada maior não dá o direito de você aumentar os preços 10 vezes, 15 vezes a mais do que é o valor praticado pelo mercado. As pessoas não estão indo para um show, não estão indo para um passeio. Mesmo que fosse, não dá o direito a ninguém de fazer isso. Existem regras do mercado", reclamou.

Segundo a ministra, o governo federal está trabalhando para reduzir os custos da hospedagem na capital paraense durante o evento. "O governo está buscando como fazer para que essas pessoas não tenham que pagar nenhum tipo de preço que seja exorbitante. Está comprometido em viabilizar os meios necessários para que todos possam participar. Vamos assegurar a participação dos países mais vulnerabilizados que, com justa razão, estão protestando pelos preços exorbitantes, fora de qualquer padrão ético em termos de relação de comércio", afirmou.

'Custos subsidiados pela ONU'

Mais cedo, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará (ABIH-Pa) rebateu as declarações de André Lago, presidente da COP, referentes à disponibilidade e às tarifas de hospedagem para o evento a ser realizado em Belém. "É importante registrar que o embaixador encontra-se mal informado sobre o esforço do setor hoteleiro para atender às demandas apresentadas. No início de junho deste ano, a hotelaria de Belém foi oficialmente solicitada a disponibilizar 500 apartamentos destinados a delegações de países economicamente menos favorecidos, cujos custos são subsidiados pela ONU", disse a entidade, em nota.

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O governo do Pará diz que vem adotando soluções para ampliar a oferta de hospedagem em Belém e na região metropolitana durante a COP-30. Além da rede hoteleira já existente, estão em construção novos hotéis, como o Vila COP, que contará com 405 leitos para delegados e líderes.

Embora algumas delegações tenham pedido que o evento seja transferido para outra cidade brasileira, Marina reafirmou que o objetivo é realizá-lo em Belém. "O presidente Lula decidiu que a COP ia ser em Belém e trabalhamos muito para viabilizar que seja em Belém. Todos os esforços têm sido (feitos) na manutenção da decisão de ser uma COP em Belém. Claro que temos que superar todas as dificuldades. Por quê? Porque essa é uma COP decisiva. Nós não queremos que uma coisa dessa magnitude seja tratada como se fosse apenas uma oportunidade de ganhar dinheiro. Essa é uma oportunidade da gente ajudar a nos salvar, salvando o planeta", afirmou a ministra.

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