A desertificação é um processo de degradação do solo em áreas áridas e semiáridas, causado por fatores naturais e, principalmente, por ações humanas, com graves impactos ambientais, sociais e econômicos, especialmente no semiárido nordestino do Brasil, exigindo medidas sustentáveis e políticas públicas urgentes para sua contenção.
A desertificação é um processo que afeta diferentes regiões e traz inúmeros prejuízos, especialmente aqueles relacionados ao solo. O fenômeno, que pode ter causas naturais, é impulsionado por ações humanas.
No Brasil, ele ameaça especialmente áreas do Nordeste e coloca em risco a biodiversidade e a vida da população local.
A desertificação acarreta consequências ecológicas, econômicas e sociais que se refletem em diferentes problemas para o país.
Por isso, compreender as causas do fenômeno e buscar soluções sustentáveis de longo prazo é essencial para preservar recursos naturais, negócios locais e, consequentemente, o bem-estar das populações atingidas pela desertificação.
O que é desertificação?
A desertificação é o processo que envolve a degradação de áreas secas a partir da interação de diferentes fatores, tanto aquelas a partir de atividades humanas quanto fatores ambientais. Esse processo ocorre em regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas.
A degradação causada no solo dessas regiões compromete a vegetação local e a fertilidade do solo. Por isso, o fenômeno reduz a capacidade produtiva da terra e afeta os ecossistemas locais, que perdem vigor e podem ser extintos com a piora na qualidade e quantidade de nutrientes em áreas desertificadas.
Vale destacar que a desertificação não se trata da formação natural de desertos, já que esse processo, responsável por exemplo pela formação do Saara há 6 mil anos, é chamado de desertização. Além disso, quando o empobrecimento do solo ocorre em regiões úmidas, a degradação do solo é conhecida como arenização.
Na desertificação, há perda significativa de produtividade de áreas que antes eram férteis, através da combinação entre locais propensos à seca, fatores climáticos e influência da atividade humana.
Em algumas regiões, a paisagem pode manter a aparência vegetativa, mas a degradação do solo impede o ambiente de sustentar a mesma biodiversidade e o mesmo uso agrícola de antes da desertificação.
O empobrecimento do solo, a diminuição da cobertura vegetal e a maior exposição do solo à erosão são elementos da desertificação.
Esses fatores comprometem atividades agrárias diversas, como a agricultura e a pecuária, que são fundamentais para a subsistência de populações dessas regiões e para a economia regional e nacional.
O processo pode se agravar sem a adoção de políticas de preservação e de manejo sustentável do solo.
A ONU (Organização das Nações Unidas) reconheceu a desertificação como um desafio ambiental global que ameaça a segurança alimentar e hídrica.
O avanço desse processo compromete a produção de alimentos, a disponibilidade de água e a capacidade das áreas afetadas sustentarem suas comunidades, além de outras consequências prejudiciais para o meio ambiente e para as populações.
Principais causas da desertificação
A ação humana é apontada como uma das principais causas da desertificação, com o uso inadequado dos recursos naturais em ações como:
- Queimadas;
- Desmatamento indiscriminado;
- Agricultura intensiva e sem planejamento ou técnicas adequadas para preservação do solo;
- Uso excessivo de defensivos químicos;
- Sobrepastoreio, com a presença ostensiva de gado a ponto de danificar vegetação e solo de uma área;
- Exploração predatória da vegetação natural;
- contribuem para o desgaste do solo e a perda de nutrientes.
Essas práticas aumentam a vulnerabilidade da terra a processos de erosão e desertificação, pois prejudicam o crescimento da vegetação nativa, empobrecem a fertilidade e os nutrientes presentes no solo e reduzem a infiltração de água, essencial para o crescimento da vegetação.
Quando as ações são combinadas com fatores naturais, como períodos de seca extrema intensificados pelas mudanças climáticas, aumento da temperatura e irregularidade do regime de chuvas, a desertificação é acelerada e tem potencial de se tornar irreversível.
Consequências da desertificação
A desertificação traz diferentes impactos para o meio ambiente e para a sociedade de maneira geral, entre os principais problemas, estão:
- A erosão do solo, que compromete a fertilidade da terra e dificulta a produção agrícola;
- Menor capacidade de plantio e colheita;
- Prejuízo à subsistência das populações dos locais afetados diretamente pela desertificação;
- Perda da biodiversidade, já que espécies de plantas e animais deixam de encontrar condições adequadas para sobreviver na região;
- Escassez de água, já que o solo mais seco, impermeável e degradado afeta a infiltração da água da chuva, o que atinge lençóis freáticos e cursos d’água;
- Insegurança alimentar, devido a dificuldade na produção de alimentos;
- Aumento da pobreza, com o prejuízo às atividades econômicas da área;
- Migração forçada da população para centros urbanos, com populações se direcionando para moradias precarizadas em regiões periféricas.
Desertificação no Brasil: onde ocorre?
No Brasil, a desertificação é um problema que afeta diferentes regiões, com destaque para o semiárido nordestino, que abriga grande parte da Caatinga. Estados como Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Bahia já apresentam áreas críticas nas quais o solo sofre processo de desertificação, com perda de parte de sua produtividade.
Processos de desertificação também acontecem em áreas como o norte de Minas Gerais, no Sudeste, e em partes de Mato Grosso do Sul e Goiás, no Centro-Oeste. A pressão sobre os recursos naturais nesses locais em atividades econômicas variadas contribui para o avanço da degradação do solo.
Estudos da EMBRAPA apontam que cerca de 13% do território do semiárido brasileiro apresenta risco de desertificação, sendo que a extensão afetada pode passar 90% em áreas como Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte.
De acordo com o INSA (Instituto Nacional do Semiárido), a desertificação pode alcançar uma área de mais de 1,3 milhão de km², com 1.488 municípios que seriam afetados pela degradação do solo e suas consequências. O mesmo instituto afirma que 15% do território brasileiro pode ser atingido pelo processo.
A articulação entre órgãos governamentais e institutos de pesquisa tem sido um instrumento para entender a extensão do problema e a criar ações e políticas públicas que ajudem a conter o avanço da desertificação, bem como recuperar áreas já degradadas.
Como combater a desertificação?
O combate à desertificação exige uma série de medidas, principalmente práticas sustentáveis de manejo do solo e políticas integradas de conservação ambiental.
Uma das ações é o reflorestamento de áreas desmatadas com espécies nativas, o que ajuda a proteger o solo e recuperar a vegetação natural de áreas degradadas.
Outra estratégia é o uso de técnicas sustentáveis de manejo de solo, como adubação orgânica, rotação de culturas e como terraceamento (técnica agrícola que reduz a erosão e favorece o escoamento de água).
Essas práticas ajudam a manter a fertilidade do solo, bem como contribuem para controlar a erosão provocada pela água e pelo vento.
A agroecologia também oferece caminhos promissores para enfrentar a desertificação, com uma abordagem de plantio e manejo de solo que integra agricultura, meio ambiente e saberes locais. Isso incentiva a produção sustentável de alimentos, valoriza a biodiversidade local e fortalece a subsistência e a autonomia econômica das comunidades.
A educação ambiental da população e a implementação de políticas públicas em áreas que sofrem processos de desertificação também é importante para reforçar o combate à degradação do solo.
Por fim, as cooperações entre diferentes entidades, inclusive internacionais, são importantes para a luta contra a desertificação.
Um exemplo é a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), tratado que está em vigor desde 1996 que visa estimular a adoção de programas, estratégias e ações para combater a degradação do solo.
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