Moradores de Belém, como o motorista de aplicativo entrevistado, relatam falta de informação e conexão com a COP30, apontando impactos limitados à população local e temendo pouca mudança prática.
O motorista de Uber Edinaldo Paes, 55 anos, nasceu e mora em Belém (PA), mas já rodou o Brasil: viveu em Natal, Fortaleza, Recife e São Paulo – ficou bastante tempo na capital paulista. De volta a Belém, está trabalhando na COP30 e conversou com a reportagem do Visão do Corre durante uma corrida que começou na sede do evento.
Segundo ele, não houve uma divulgação com explicações acessíveis à população sobre o que seria o evento mundial de meio ambiente. “Só falaram que o mundo inteiro ia estar com olhos em Belém, na Amazônia”, resume.
O pouco que o motorista sabe sobre a COP30 tem chegado pelos passageiros e pelos telejornais que assiste à noite, em casa. O depoimento do motorista, que trabalha de oito a dez horas por dia, dá a dimensão de como a COP30 chega ao cidadão comum em Belém.
Como está sendo a COP 30 para você?
Desde que foi anunciada, foi transtorno: Belém não tem a cultura de se trabalhar à noite, é tudo durante o dia, e o trânsito piorou, mas conforme as reformas foram ficando prontas, melhorou. Ninguém sabia o que ia acontecer, e ainda surgiu esse problema do preço da estadia. Era uma incógnita.
O preço do transporte por aplicativo subiu muito?
Era uma expectativa, mas pelo volume, pela demanda, não era bom subir exageradamente. Não precisa, está compensando.
Ontem um taxista quis cobrar cem reais por um trajeto de dez minutos.
Acontece que, nos finais de semana, quando tem eventos, shows, o cara desliga o aplicativo e para na frente do evento, fazendo o preço que quer. Aí estão fazendo o mesmo na COP30.
Mas o aplicativo é sempre mais barato?
Não, o inverso também acontece: quando chegam dois, três voos juntos no aeroporto, o preço do aplicativo fica dinâmico, aí compensa mais pegar táxi – no aeroporto o taxi não pode cobrar o preço que quiser, tem que rodar no taxímetro, no aparelho.
O senhor se preocupa com a questão ambiental no Pará?
Acompanho pouco, mas hoje, ouvindo as conversas, entendo que tem bastante coisa para ser discutida, bastante coisa para colocar em prática. Vão se reunir, eu sei que decidem algumas coisas, mas na prática não chega ao leigo como eu. Não chega como resolução. Sinceramente: acho que não vai dar em nada.
O senhor está sabendo o Fundo Amazônia?
Não tenho conhecimento.
Em casa, sua família conversa sobre COP30?
A gente conversa sobre como está a cidade, mas sobre o conteúdo da COP em si, não. É como eu digo: quem discute é mais o pessoal engajado, que tem conhecimento específico; fora isso, é só o que se ouve falar.
Houve preparação da população de Belém sobre o que seria a COP30?
Não, não teve não. O principal ponto de vista que passaram para a população foi que o mundo estaria de olho em Belém, na Amazônia, mas o que iria ser tratado, quais os assuntos, não foram divulgados, nem bem repassados, estimulados para a população se inteirar, saber um pouco mais desses assuntos, desses temas.