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Aumento de águas-vivas no Ceará pode estar relacionado às altas temperaturas; entenda

Nas últimas semanas, foram vários os casos de banhistas que sofreram lesões com o contato com águas-vivas

10 abr 2024 - 05h00
Foto: Minakryn Ruslan/iStock

Até mesmo o banho de mar pode estar ameaçado por causa das mudanças climáticas? Ao que tudo indica, sim. Especialistas ouvidos pelo Terra acreditam que o aumento de temperatura no oceano é o que está por trás da repentina aparição desordenada de águas-vivas nas praias de Fortaleza (CE) e região metropolitana.

“Eu estava no mar durante 10 dias, no período quando começou esse bloom [expressão científica para “aumento repentino”]. Desde a superfície até 20 metros de profundidade, todo o mar estava com 30 graus de temperatura”, afirma o biólogo Marcelo Soares, professor na Universidade Federal do Ceará (UFC).

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As medições mostram que a temperatura da água no litoral cearense está 2,5 graus acima da média. Em um alerta emitido pelo NOAA, órgão oceanográfico e atmosférico dos Estados Unidos, as águas do litoral do Nordeste aparecem em nível de alerta 1 para as altas temperaturas, enquanto o Ceará está em nível 4.

Mapa de órgão americano mostra o litoral do Ceará em roxo, nível 4 de alerta
Foto: NOAA

O mar mais quente soma-se ao aumento das chuvas que leva nutrientes dos rios para o oceano e à diminuição do vento, fenômenos já comuns durante esse período. Forma-se, assim, um ambiente ainda mais propício para a proliferação de águas-vivas.

“Esses três fatores favorecem a reprodução desses animais. Eles acabam entrando num fenômeno de reprodução explosiva”, resume o professor Luis Ernesto Arruda, cientista-chefe de meio ambiente do Governo do Estado do Ceará.

Reprodução desordenada vai continuar?

A princípio, tal fenômeno pode causar um desequilíbrio ecológico, mas o biólogo Luis Ernesto Arruda explica que, naturalmente, essa população deve ser controlada. “As águas-vivas acabam encontrando seus predadores naturais, ou acabam não chegando à idade adulta, por vários fatores. Porque, realmente, fica muito grande. Então, elas acabam competindo entre elas. Aumenta muito a densidade, mas o nutriente é limitado”, afirma.

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Arruda acredita, portanto, que a situação estará normalizada em breve, mas, por enquanto, não há muito que o banhista possa fazer para aproveitar a praia sem medo nas regiões onde os animais apareceram. “Se você estiver totalmente coberto, beleza, não vai ter problema. Mas, se você estiver só de sunga, de calção, você corre o risco”, diz o cientista.

Uma das ocorrências foi na orla da Avenida Beira-Mar, em Fortaleza
Foto: Cristian Lourenço/iStock

Já o biólogo Marcelo Soares frisa que as aparições repentinas aconteceram em praias com águas mais paradas. Ele dá como exemplo a famosa Praia do Futuro, em Fortaleza, que costuma ter o mar mais agitado. Ali, segundo ele, não houve nenhum caso.

Soares também ressalta que os incidentes que chamaram atenção na mídia ocorreram um pouco mais afastados da beira da praia.

No dia 26 de março, o aposentado Ricardo Duarte, de 67 anos, sofreu uma lesão por água-viva enquanto nadava a cerca de 6 km da costa, na orla da Beira-Mar, em Fortaleza. No fim de semana imediatamente depois, 15 pessoas ficaram feridas na Praia da Taíba, na região metropolitana de Fortaleza, dentre eles, 11 eram participantes de um campeonato de bodyboarding.

O que fazer em caso de queimadura?

Arruda diz que o maior erro cometido por quem sofre uma lesão por água-viva é lavar a região com água doce. “Se você jogar água doce, você vai causar um estímulo químico, e os nematocistos que não foram disparados, vão ser disparados”, explica. Ele dá algumas opções:

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  • Lavar com água do mar;
  • Tentar remover os pedaços de tentáculos que ficaram presos;
  • Há a opção de lavar ainda o local com vinagre ou água do mar gelada.

O biólogo também desmente o mito de que urina poderia ajudar.

Sobre os sintomas, os professores dizem que nem sempre é necessário buscar atendimento médico. Na verdade, apenas pessoas que tenham algum tipo de alergia às toxinas liberadas pelas águas-vivas é que devem sentir reações mais graves, como foi o caso do nadador Ricardo Duarte.

O Terra procurou a Secretaria de Saúde do Ceará em busca de dados sobre a quantidade de pessoas que tiveram contato com águas-vivas recentemente, mas a pasta não soube informar. A secretaria reconheceu o grande número de casos e publicou orientações à população sobre como proceder nesses casos.

Fonte: Redação Terra
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