Exército ucraniano enfraquece linha de defesa que impedia avanços russos rumo aos últimos bastiões urbanos controlados por Kiev em Donetsk. Rússia intensifica ofensiva de inverno em meio a impasse nas negociações de paz.A Ucrânia retirou tropas da cidade de Siversk, no leste do país, após intensos combates, informou o Exército ucraniano nesta terça-feira (23/12), enquanto ataques russos mataram três civis e deixaram milhares sem energia elétrica em meio a temperaturas congelantes de inverno.
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a captura de Siversk há quase duas semanas, o que havia sido negado por Kiev. A cidade na região de Donetsk é estrategicamente importante por fazer parte de uma linha de defesa que protege a última grande área urbana na região de Donbass controlada pelas forças ucranianas.
O Estado-Maior ucraniano informou nesta terça-feira que os combates ainda continuavam na área de Siversk, mas que as tropas ucranianas estavam sendo retiradas do local "a fim de preservar a vida de nossos soldados e manter a capacidade de combate das unidades".
Antes do início da invasão russa, Siversk tinha uma população de pouco mais de 10.000 habitantes. Durante muito tempo a linha de frente na região era considerada relativamente estável, mas recentemente a pressão das tropas russas se intensificou.
"Progresso lento" nas negociações de paz
A queda de Siversk abre uma oportunidade para as tropas russas avançarem em direção às cidades de Sloviansk e Kramatorsk.
Em setembro de 2022, Moscou declarou ter anexado o Donbass - composto pelas regiões de Donetsk e Lugansk - e as províncias de Kherson e Zaporíjia , e incorporou essas regiões como parte do território russo, embora ainda não controle toda a área.
Os ataques também ocorreram dois dias após as negociações de paz mediadas pelos Estados Unidos em Miami, onde as duas partes discutiram detalhes do plano proposto por Washington para encerrar a guerra.
Mas, apesar dos esforços, ainda não há sinais de um avanço iminente nas negociações diplomáticas.
Moscou relatou um "progresso lento" nas negociações, enquanto Kiev e seus aliados na Europa buscam ajustar a proposta inicial dos EUA, que atendia a muitas das exigências colocadas pela Rússia.
Ataques russos matam ao menos três na Ucrânia
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou que os ataques russos antes do Natal mostraram que o Kremlin não tem intenção de encerrar a invasão do território ucraniano, iniciada em fevereiro de 2022.
Zelenski disse que pelo menos três pessoas foram mortas na Ucrânia pela mais recente onda de mísseis e drones russos. Entre as vítimas está uma criança de 4 anos que morreu quando um drone atingiu um prédio residencial em Zhitomir, a oeste da capital Kiev.
Segundo Zelenski, a Rússia lançou cerca de 650 drones e mais de três dezenas de mísseis nos ataques. As defesas aéreas ucranianas interceptaram muitos desses projéteis, mas alguns atingiram seus alvos, afirmou.
Ele chamou os ataques de "um sinal extremamente claro sobre as prioridades da Rússia" e observou que eles ocorrem às vésperas do Natal, "quando as pessoas simplesmente querem estar com suas famílias, em casa e em segurança".
Zelenski instou a comunidade internacional a aumentar a pressão sobre Moscou.
Moscou intensifica ataques durante o inverno
Em um aparente esforço para aumentar a pressão sobre a Ucrânia para que o país aceite os termos russos nas negociações destinadas a pôr fim à guerra, Moscou intensificou os ataques durante os meses de inverno.
Os ataques russos se concentraram mais uma vez principalmente na infraestrutura de energia da Ucrânia. Autoridades relataram novos cortes no abastecimento de energia em várias regiões.
A situação para muitos ucranianos se deteriorou devido às temperaturas congelantes, com as interrupções no fornecimento de eletricidade e no aquecimento agravando as dificuldades já existentes.
rc (DPA, AFP)