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Perícia aponta "gambiarra" na obra de mercado em que teto desabou em Pontal do Paraná; três foram indiciados

O acidente aconteceu na noite de 22 de março. Na ocasião, três pessoas morreram e outras 12 ficaram feridas.

8 mai 2024 - 12h30
(atualizado às 14h26)

A obra do mercado em que o teto desabou em Pontal do Paraná, no litoral do estado, foi executada de forma errada e com "gambiarra". A informação foi repassada por peritos da Polícia Científica do Paraná (PCP), na manhã desta quarta-feira (8), durante coletiva de imprensa em Curitiba.

Tragédia em mercado na cidade de Pontal do Paraná.
Tragédia em mercado na cidade de Pontal do Paraná.
Foto: Equipe Banda B / Banda B

O acidente aconteceu na noite de 22 de março. Na ocasião, três pessoas morreram e outras 12 ficaram feridas.

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Conforme o perito Luis Noboru Marukawa, o laudo pericial - com mais 200 páginas - apontou erros na execução da montagem das peças estruturais na torre da edificação.

"Nós encontramos diversos erros, que estão constantes no laudo pericial que tem mais de 200 páginas. Dentre eles eu posso citar falta de grauteamento; falta de peças estruturais entre vigas e pilares; há gambiarra onde foi colocado madeira para preencher um espaço vazio entre pilar e viga; também temos a questão do cobrimento da laje, chama-se capeamento, com uma especificação menor do que o projeto que era para ser de 10 centímetros e nós apuramos que ela variava de 6 a 8 centímetros", disse.

Segundo o perito, isso fez com que a laje não aguentasse o peso das seis caixas d'água com capacidade 15 mil litros cada.

"Pela falta da espessura do capeamento, pela falta da armadura sobre a viga, fragilizou aquela laje, que infelizmente não suportou portanto a carga. Não que o projeto estivesse errado, a execução não foi adequada", ressaltou.

Marukawa ainda pontuou que o grande volume de água pode ter evitado que a tragédia fosse ainda maior.

"Na hora que a laje desabou as caixas tombaram, atingiram a viga, deixaram as suas marcas de sulcagem, e a água proveniente desta queda provavelmente salvou vidas, porque quando a água cai daquela torre em grande volume nós temos a energia potencial. A água desce, adquire velocidade e, quando atinge o solo, empurra as pessoas que estavam próximas", finalizou.

Três indiciados

A Polícia Civil do Paraná concluiu o inquérito e indiciou os proprietários da construtora, do supermercado e da empresa contratada para executar a obra. Eles vão responder por três homicídios culposos e 12 lesões culposas, de acordo com o delegado Jader Roberto.

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"As questões das lesões corporais serão aferidas no decorrer do tempo, pois existe uma vítima que está um pouco acamada e ainda não sabemos se voltará a andar. Em relação aos homicídios culposos, três figuras de acordo com as suas responsabilidades serão formalmente indiciados", explicou.

O delegado informou que, até o momento, a prefeitura de Pontal do Paraná não respondeu ao ofício da Polícia Civil sobre a apresentação de alvará de funcionamento. O empreendimento não tinha todas as documentos para inaugurar.

"A Polícia Civil entende que o dono do supermercado e esse responsável por executar a obra foram imprudentes em inaugurar um empreendimento sem a documentação necessária […] Inclusive o protocolo de solicitação de alvará foi movimentado no dia da tragédia, causando uma certa estranheza. O dono da empresa contratada para administrar essa obra foi negligente, porque há relatos de testemunhas de que estava havendo vazamento", afirmou.

Ao todo, três pessoas morreram e 12 ficaram feridas. As vítimas fatais do acidente eram funcionárias do supermercado e trabalhavam no setor de panificação: Rayssa Batista Santos, de 18 anos, Camille Vitoria Dias, também 18, e Pryscilla Maris Tascheck Farro, de 36.

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