"Nosso presidencialismo é ditadura de mandato", diz Alckmin

Ex-governador defende que tucanos apoiem medidas de ajuste fiscal, por exemplo

6 nov 2019 - 12h37
(atualizado às 13h00)
Foto: Reuters

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin defende que o PSDB assuma papel de oposição à gestão de Jair Bolsonaro (PSL), que classifica como exitosa nas medidas de controle da situação fiscal do País, mas problemática na radicalização de pautas ideológicas. "Infelizmente, o partido não referendou quem entrou no governo, pediu que pedissem licença, mas também não se colocou de maneira clara na oposição", diz.

Segundo Alckmin, a oposição tucana ao governo deveria agir como fiscalizadora, não como adversária do Executivo. Ele defende que o partido apoie as propostas que considera importantes, a exemplo das medidas de ajuste fiscal. "Isso é sinal de maturidade política", afirmou na saída do Fórum de Temas Nacionais, da Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, onde fez palestra sobre a reforma tributária.

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Em relação à eleição de 2020, o ex-governador não quis comentar a estratégia do PSDB para a sucessão do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, diagnosticado com câncer metastático. "Ele (Bruno) é o candidato. Estive com ele na sexta-feira e ele está bem, a eficiência dos fármacos é boa, tem tudo para se recuperar." Alckmin disse que não será candidato no ano que vem. Sobre 2022, porém, afirmou: "O futuro a Deus pertence".

"Ditadura de mandato"

Alckmin defendeu uma revisão no sistema político brasileiro. Sem citar diretamente uma opção pelo parlamentarismo, mas elogiando o modelo parlamentarista de Portugal, o dirigente tucano defendeu que o sistema presidencialista não comporta a dinâmica política do Brasil. "Nosso presidencialismo é uma ditadura de mandato, uma definição por quatro anos que, se você cansa, só resolve com impeachment, que é uma coisa muito traumática", avaliou.

Segundo o tucano, o modelo político atual inibe a participação dos partidos e fortalece as corporações, que têm capacidade de garantir votos no cenário eleitoral competitivo. Com os candidatos disputando votos em grandes bases geográficas, com eleitores espalhados pelos Estados, aqueles que são vinculados a uma corporação têm a vantagem.

"Para se eleger deputado, você precisa praticamente fazer uma campanha de governador. Aí, só quem tem tempo na telinha para se eleger, um Romário, um Tiririca ou um Celso Russomanno", disse Alckmin, defendendo a adoção do voto distrital completo ou do voto distrital misto como forma de "fortalecer os partidos."

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O ex-governador também elogiou o Congresso brasileiro, afirmando que "é o Parlamento que está tocando as reformas aqui no Brasil".

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