Turquia fez bombardeios no nordeste da Síria, diz agência

Anúncio de retirada dos EUA abriu caminho para invasão turca

8 out 2019 - 09h54
(atualizado às 10h08)

A artilharia da Turquia teria feito ataques no nordeste da Síria, perto da tríplice fronteira com o Iraque, na madrugada desta terça-feira (8), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado a retirada das tropas americanas da região.

Blindados turcos na fronteira com a Síria
Blindados turcos na fronteira com a Síria
Foto: EPA / Ansa - Brasil

A informação é da agência oficial síria Sana, que publicou fotos e vídeos de bombardeios na passagem fronteiriça de Semalka, um importante corredor de reabastecimento usado pela coalizão contra o Estado Islâmico (EI) liderada pelos EUA.

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Ancara e as forças curdas que atuam na região não confirmaram o ataque. No entanto, em seu perfil no Twitter, o Ministério da Defesa da Turquia disse que todos os preparativos para a operação militar no nordeste da Síria "foram concluídos".

O objetivo de Ancara é tomar territórios controlados pelos curdos sírios - principais aliados dos Estados Unidos na guerra contra o EI na região - e estabelecer uma "zona de segurança" na fronteira. Esse corredor teria cerca de 30 quilômetros de largura e 400 quilômetros de extensão e abrigaria refugiados sírios que o presidente Recep Tayyip Erdogan quer devolver ao país vizinho.

"A criação de uma zona de segurança é essencial para a paz e a estabilidade da região", disse o Ministério da Defesa turco. O país mira sobretudo na milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG), acusada de terrorismo por Ancara e ligada ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

As YPG são um dos principais componentes das Forças Democráticas da Síria (SDF), coalizão curda que ajudou a derrotar o Estado Islâmico no nordeste do país árabe.

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Trump

Criticado até por aliados por ter jogado os curdos à própria sorte, Trump justificou a retirada com o objetivo de sair de "ridículas guerras sem fim", mas ameaçou "destruir" a economia da Turquia se o país agir "fora dos limites".

Por enquanto, apenas algumas dezenas de militares americanos deixaram o nordeste da Síria, mas ainda é incerto quantos dos cerca de mil soldados presentes na região serão removidos - a imprensa dos EUA cita oficiais que negam a existência de um plano de retirada total.

Pouco após o anúncio de Trump, um de seus principais aliados, o senador republicano Lindsay Graham, presidente da Comissão de Justiça do Senado, pediu para o magnata voltar atrás e chamou a retirada de "desastre anunciado". O mandatário já havia ameaçado remover as tropas da Síria no fim do ano passado, o que provocou a renúncia do então secretário da Defesa, Jim Mattis.

  
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