Supostas aparições em Dozulé não são sobrenaturais, diz Vaticano

Caso ocorrido na década de 70 envolve francesa Madeleine Aumont

12 nov 2025 - 11h58
(atualizado às 13h07)

O Vaticano declarou oficialmente que as supostas aparições de Jesus Cristo à francesa Madeleine Aumont, na cidade de Dozulé, na Normandia, durante a década de 1970, "não têm origem sobrenatural".

A decisão foi comunicada nesta quarta-feira (12) pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, órgão responsável por supervisionar questões doutrinais na Igreja Católica.

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Entre 1972 e 1978, Jesus Cristo teria aparecido 49 vezes em Dozulé para Aumont, mãe de cinco filhos, na presença do pároco local, Victor L'Horset, e de outros fiéis.

Segundo os devotos, ele teria transmitido uma série de ensinamentos e advertências para todas as pessoas e solicitado a construção da "Cruz Gloriosa", símbolo de salvação e perdão universal, que deveria ser toda iluminada e atingir a altura de 738 metros, com braços de 123 metros.

As revelações também inspiraram a chamada "Oração de Dozulé", recitada diariamente pelos fiéis, que veem nas mensagens uma continuidade dos Três Segredos de Fátima e um apelo urgente à conversão da humanidade para evitar uma catástrofe material e espiritual.

Em carta enviada ao bispo de Bayeux-Lisieux, o cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério, informou que, após audiência com o Papa em 3 de novembro, foi autorizada a publicação de um decreto declarando que o fenômeno de Dozulé "deve ser definitivamente considerado como não sobrenatural, com todas as consequências que essa determinação acarreta".

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O parecer segue a linha tradicional da Igreja de cautela diante de supostos fenômenos místicos. Desta forma, Fernández ressaltou a importância de uma "catequese clara e positiva sobre o mistério da Cruz", recordando que a revelação definitiva foi plenamente realizada em Cristo e que toda experiência espiritual deve ser avaliada à luz do Evangelho, da Tradição e do Magistério da Igreja.

"A oração, o amor pelos que sofrem e a veneração da Cruz permanecem meios autênticos de conversão, mas não devem ser acompanhados por elementos que induzam à confusão ou por afirmações que reivindiquem autoridade sobrenatural sem discernimento eclesial", acrescentou o cardeal.

As mensagens atribuídas a Dozulé inspiraram, ao longo dos anos, a construção de várias "Cruzes do Amor", em tamanho reduzido, não apenas na Normandia, mas também em outras regiões da Europa, como em Trentino, na Itália. 

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