Sumiço de 43 estudantes no México teve participação de militares

Para Comissão da Verdade, ato foi um 'crime de Estado'

19 ago 2022 - 15h15
(atualizado às 21h57)
Encinas apresentou relatório para familiares dos jovens desaparecidos
Encinas apresentou relatório para familiares dos jovens desaparecidos
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Os militares mexicanos têm responsabilidades no desaparecimento de 43 estudantes de Ayotzinapa, ocorrido em 2014, apontou a Comissão da Verdade e Acesso à Justiça do governo nesta quinta-feira, 18.

Segundo o documento, o sumiço e a execução dos jovens foi um "crime de Estado" seja por omissão, participação ou ações tomadas à época pelos militares e por políticos locais e federais. Além do desaparecimento, o relatório ainda apontou a culpa dos militares em outros seis assassinatos.

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Conforme informou o jornal "Excelsior", após um encontro dos parentes das vítimas com o atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, "o subsecretário para os Direitos Humanos e presidente da Comissão da Verdade, Alejandro Encinas, afirmou que houve importantes avanços nas investigações e confirmou a existência de provas suficientes para que a Procuradoria Geral da República proceda penalmente contra 51 pessoas, incluindo 10 funcionários de federais".

Os servidores, incluindo militares, fizeram parte do governo do então presidente Enrique Peña Neto, mas o mandatário não está entre os investigados pelo crime.

A Comissão ainda apontou que o "crime de Estado foi cometido por membros do grupo criminoso Guerreros Unidos e agentes de várias instituições do Estado mexicano". Além disso, afirmam que "autoridades federais e estatais em vários níveis operaram para alterar provas e fatos existentes para levar o caso para uma conclusão diferente da verdade dos fatos".

Após o encontro com os familiares, Encinas disse que a reunião foi "difícil e dolorosa" porque, entre outros pontos, "foi oficialmente confirmado que não há nenhum indicação de que os jovens ainda estejam vivos".

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Os 43 estudantes da escola Isidro Burgos desapareceram entre 26 e 27 de setembro de 2014 enquanto se dirigiam de ônibus para a cidade de Iguala. Eles queriam ir para a capital, Cidade do México, para participar de protestos.

Até hoje, restos mortais de apenas três jovens foram oficialmente confirmados e, segundo a Comissão, os militares da Marinha teriam adulterado uma área investigada em um depósito de lixo - justamente, onde foram encontrados os restos mortais dos rapazes. .

  
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