Promotora diz em julgamento nos EUA que senador Menendez é motivado por ganância

15 mai 2024 - 18h54

Uma promotora federal retratou o senador democrata Robert Menendez no começo do seu julgamento por corrupção como um político ganancioso e disposto a ajudar governos estrangeiros e a atrapalhar investigações criminais locais, em troca de propina, incluindo barras de ouro. 

A promotora, Lara Pomerantz, disse aos jurados nesta quarta-feira que o senador sênior de Nova Jérsei usou sua esposa como intermediária para tentar ajudar o Egito a conseguir bilhões de dólares em assistência militar dos EUA. O senador também teria tentado ajudar os interesses legais e comerciais de dois empresários do seu Estado, associados a casos criminais locais. 

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"Durante anos, Robert Menendez traiu o povo que ele deveria servir ao aceitar subornos", afirmou Pomerantz, na declaração inicial da acusação em um tribunal federal de Manhattan. 

"O caso é sobre uma autoridade pública que coloca a ganância em primeiro lugar, que coloca seus próprios interesses acima do dever com o povo, que colocou seu poder à venda", acrescentou Pomerantz. "Não é política como de costume. É política com fins lucrativos." 

Os promotores disseram que Menendez é uma figura central em um esquema de cinco anos, no qual aceitou centenas de milhares de dólares em suborno em troca de favores políticos e auxílio aos governos de Egito e Catar. 

Os subornos recebidos por Menendez e sua esposa, Nanide Menedez, incluíram dinheiro, barras de ouro, pagamentos de hipotecas e um conversível da Mercedes-Benz, segundo os promotores. 

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O senador de 70 anos e três mandatos se declarou inocente de 16 acusações criminais, incluindo suborno, fraude, agir como agente estrangeiro e obstrução. Wael Hana e Fred Daibes, os dois empresários de Nova Jérsei julgados ao seu lado, também se declararam inocentes.

Os advogados dos réus também farão declarações iniciais. 

Nadine Mendenz, 57 anos, também foi denunciada e se declarou inocente. Ela será julgada em 8 de julho. A demora é resultado do que seus advogados chamaram de uma séria condição médica. 

O julgamento do senador pode durar até o começo de julho. É a segunda vez que ele é julgado por acusações de suborno, o que lhe custou a liderança do poderoso Comitê de Relações Exteriores do Senado. O julgamento anterior de Menendez, em 2017, foi anulado após um impasse entre os jurados. 

INTERFERÊNCIA

Pomerantz detalhou o que os promotores consideram ser um conjunto complexo e sórdido de corrupção entre 2018 e 2023, com os Menendez aceitando subornos de Hana, Daibes e um associado de Hana, o corretor de seguros José Uribe.  

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Pomerantz disse que, em troca, o senador ajudou Hana a obter um monopólio lucrativo de certificação de que exportações de carne ao Egito cumprem a lei islâmica. Ele também tentou ajudar Daibes a garantir milhões de dólares de um fundo de investimentos do Catar. 

Menendez foi acusado ainda de tentar interferir em um caso criminal federal contra Daibes em Nova Jérsei, inclusive ao recomendar um candidato para ser o principal procurador federal naquele local, e em casos criminais estaduais envolvendo dois associados de Uribe. 

Uribe se declarou culpado em março de acusações de suborno e fraude. Espera-se que ele preste depoimento contra Menendez. 

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