Presidente do Irã fala em não deixar 'agressão sem resposta': 'Defenderemos a segurança da nação'

Masoud Pezeshkian se pronunciou nesta segunda-feira, 23, ao ser confirmado ataque iraniano em base dos EUA no Iraque e no Catar

23 jun 2025 - 14h23
(atualizado às 15h02)
Resumo
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou que o país responderá a agressões estrangeiras, após ataques iranianos a bases dos EUA como retaliação aos bombardeios americanos em instalações nucleares, escalando a tensão no Oriente Médio.
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, se pronunciou nesta segunda-feira, 23, ao passo que foi confirmado um ataque iraniano a bases dos EUA no Iraque e no Catar em retaliação ao bombardeio norte-americano a instalações nucleares do país .

O político afirma que sua nação não desejou a guerra, mas que não deixará a agressão contra o Irã sem resposta.

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"Não iniciamos a guerra nem a desejamos; mas não deixaremos a agressão contra o Grande Irã sem resposta. Defenderemos a segurança desta amada nação com todo o nosso ser e responderemos a cada ferida infligida ao Irã com fé, sabedoria e determinação. Gente, Deus está cuidando de nós", escreveu ele, em publicação no X.

A segunda-feira começou com novas trocas de ataques no conflito entre Israel e Irã -- que agora também envolve diretamente os Estados Unidos.

Além do ataque do Irã a bases norte-americanas, o governo israelense afirmou ter atacado alvos do regime iraniano, destruindo símbolos como o quartel-general da Guarda Revolucionária do país e a prisão para presos políticos de Evin, em Teerã. Também houve um ataque ao relógio da 'Destruição de Israel', na Praça Palestina.

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Estados Unidos no conflito

Na noite de sábado, 21, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, informou que os EUA atacaram três instalações nucleares iranianas -- Fordow, Natanz e Esfahan. Os ataques foram confirmados posteriormente pelo governo do Irã.

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Trump, depois, fez um pronunciamento oficial da Casa Branca afirmando que os ataques ao Irã podem se tornar ainda mais intensos caso o país decida retaliar e pressionou por paz no Oriente Médio.

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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também se pronunciou na ocasião. No caso, ele agradeceu a Trump pelo ataque feito com "o incrível e justo poder dos Estados Unidos". Para Netanyahu, essa "decisão ousada" irá "mudar a história".

Do outro lado, ao confirmar o ataque, a agência de notícias estatal iraniana, IRNA, citou que "não haviam materiais nesses três locais nucleares que causassem radiação", conforme disse um oficial do Irã. O comentário sugere que as autoridades iranianas podem ter removido o urânio enriquecido das instalações antes dos bombardeios.

A Guarda Revolucionária Iraniana também se manifestou na noite de sábado: "Agora a guerra começou para nós. E mate-os onde quer que você os encontre...". A fala foi de encontrou à feita por um comentarista da televisão estatal iraniana, também nessa noite: "Todo cidadão americano ou militar na região é agora um alvo legítimo". Além disso, o comentarista também deixou um aviso a Donald Trump, presidente norte-americano: "Você começou. Nós vamos terminar".

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As retaliações não demoraram para começar. No domingo, 22, em resposta aos ataques, o Parlamento iraniano aprovou o fechamento Estreito de Ormuz, um centro estratégico entre os Golfos Pérsico e de Omã para a passagem de quase um terço do petróleo mundial. Além disso, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) convocou uma reunião de emergência sobre o Irã.

O Brasil se posicionou sobre o ataque, condenando com "veemência" a situação. Em nota divulgada pelo Itamaraty, o governo "expressa grave preocupação" com a escalada militar no Oriente Médio e diz que ataque americano viola tanto a Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) quanto a soberania do Irã.

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Trump havia pedido "rendição incondicional" dos iranianos na última terça-feira, 17, e ameaçou o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. "Sabemos exatamente onde o 'Líder Supremo' está escondido. Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos matá-lo, pelo menos não por enquanto", escreveu Trump na Truth Social.

O aiatolá respondeu na quarta-feira, 18, rejeitando o pedido norte-americano. "Pessoas inteligentes que conhecem o Irã, a nação iraniana e sua história nunca falarão com essa nação em linguagem ameaçadora, porque a nação iraniana não se renderá", disse em discurso transmitido na televisão local.

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O republicano havia dado o prazo de duas semanas para decidir sobre a participação dos EUA no conflito entre Israel e Irã, a contar de quinta-feira, 19, na espera de uma eventual rendição iraniana. Nessa mesma sexta, ele reforçou que seriam "no máximo" duas semanas. No fim, o que seriam duas semanas, virou dois dias.

Depois, contrariando o Pentágono, o presidente Donald Trump sugeriu uma mudança de regime iraniano para que seja possível “tornar o Irã grande novamente”. O comentário foi feito em publicação na rede social Truth após o secretário de Defesa norte-americano ter afirmado que o ataque dos EUA às instalações nucleares do Irã não foi um preâmbulo para alterar o regime político do país. 

Não é politicamente correto usar o termo "mudança de regime", mas se o atual regime iraniano não é capaz de tornar o Irã grande novamente, por que não haveria uma mudança de regime??? MIGA!!”, escreveu Trump no post feito na tarde deste domingo, 22.

No Irã, o regime político vigente é a república islâmica, um sistema teocrático em que a autoridade política é exercida por líderes religiosos.

A República Islâmica do Irã foi fundada em 1979, após a Revolução Iraniana que derrubou a monarquia do Xá Mohammad Reza Pahlavi. Atualmente, o líder supremo é o aiatolá Ali Khamenei, nomeado vitaliciamente em 1989 pela Assembleia dos Peritos, após a morte do aiatolá Khomeini, que foi um dos principais líderes da Revolução Iraniana.

Já o atual presidente iraniano é Masoud Pezeshkian, que venceu a eleição presidencial no ano passado, após a morte do então presidente Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero.

A sigla MIGA seria para "Make Iran Great Again" (Torne o Irã grande novamente, em tradução livre). No caso, uma referência à MAGA, sigla para o movimento Make America Great Again (Torne a América grande novamente, em tradução livre), que é slogan de Trump e é associado à extrema-direita.

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O secretário de Defesa norte-americano, Pete Hegseth, chefe do Pentágono, havia afirmado no mesmo dia que a missão “não foi e não tem sido sobre mudança de regime”. "O presidente autorizou uma operação de precisão para neutralizar as ameaças aos nossos interesses nacionais representadas pelo programa nuclear iraniano”, acrescentou.

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*Com informações de Deutsche Welle, Ansa e Reuters

Fonte: Redação Terra
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