Papa Francisco tem herança? Veja com quem fica a 'fortuna' do pontífice

Argentino tem uma única irmã viva e dois sobrinhos, um deles é seu afilhado

21 abr 2025 - 15h25
(atualizado às 16h19)
Resumo
Papa Francisco, falecido aos 88 anos, não deixou herança devido ao voto de pobreza dos jesuítas; seus bens retornam à congregação, e direitos autorais de obras publicadas durante o papado pertencem à Igreja.
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O papa Francisco morreu nesta segunda-feira, 21, aos 88 anos, no Vaticano. O primeiro pontífice latino-americano se recuperava de uma pneumonia que o manteve internado durante fevereiro de 2025. Desde o início do dia, autoridades de Estado, personalidades e celebridades começaram a prestar homenagens e enviar mensagens de pesar.

Com a partida do primeiro papa latino-americano, surgiram diversas dúvidas: quem será o próximo pontífice? Como funciona o conclave, o rito centenário que escolhe o sucessor do argentino? Quanto ganha um papa? E, claro, papa Francisco deixou alguma fortuna ou herança para seus familiares?

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O Papa Francisco tem herança ou fortuna?

Papa Francisco
Papa Francisco
Foto: Getty Images

Não há nenhum comunicado oficial afirmando que o papa Francisco deixou alguma herança ou fortuna. No entanto, é de conhecimento público que ele pertencia à Companhia de Jesus, ordem dos jesuítas, e todo jesuíta, ao ser ordenado, faz três votos: pobreza, castidade e obediência.

Segundo Rodrigo Coppe, historiador e doutor em Ciências da Religião, cada ordem religiosa, como a dos jesuítas, carmelitas ou franciscanos, tem suas particularidades, mas os princípios fundamentais costumam ser os mesmos.

"O voto de pobreza [feito por Francisco] é um dos três votos que um homem ou uma mulher faz ao entrar numa ordem religiosa. Há a pobreza, a castidade e a obediência [ao Papa]. Todas as ordens, até onde sei, seguem esses três votos. No caso específico da pobreza, trata-se da renúncia voluntária a bens materiais. Qualquer bem que você possua não é seu, mas da comunidade. Claro, há objetos pessoais [de uso cotidiano], mas, após a morte, tudo retorna à congregação."

Papa escreveu livros; para quem vai o dinheiro dos direitos autorais?

Papa Francisco
Foto: Getty Images

Durante sua vida, o papa Francisco escreveu e participou de algumas obras literárias, como um livro sobre Memórias e Reflexões sobre a Vida Apostólica e Diálogos entre João Paulo II e Jorge Bergoglio. A regra geral é: tudo o que foi escrito durante o papado pertence à Igreja; o que foi produzido antes pode ser considerado patrimônio do religioso. Esse foi o caso de Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI.

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Após sua morte, em 2022, os bens deixados por Bento XVI foram repassados a cinco primos. Na época, seu secretário particular, Georg Gänswein, informou que o dinheiro seria dividido entre os familiares, conforme as orientações do testamento.

No caso de Francisco, ele tem uma irmã viva, Maria Elena Bergoglio — seus outros dois irmãos já faleceram — e dois sobrinhos, um deles seu afilhado. No entanto, como jesuíta ordenado, mesmo após sua morte, ele não possui bens para serem repassados. O habitual é que seus objetos retornem à comunidade religiosa. O mesmo deve ocorrer com os direitos autorais de suas obras.

"Em casos muito particulares, já ouvi relatos de objetos pessoais, como roupas, sendo devolvidos à família por seu valor sentimental. Não há uma regra específica, mas não é incomum que nada retorne aos familiares, pois tudo o que um religioso ordenado possui ou produz é da comunidade. Talvez itens muito pessoais, como um diário, possam ser exceções, mas já há registros de ordens que mantêm até textos de seus membros."

Portanto, é pouco provável que, mesmo com testamento, os familiares de Francisco recebam qualquer remuneração sobre seus direitos autorais devido a seu voto de pobreza. Para o especialista, o voto de pobreza do falecido papa é um forte símbolo de contracultura, principalmente em um mundo tão consumista.

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"Nem todo padre é obrigado a fazer voto de pobreza, então acredito que isso é um sinal. Não há nada mais contracultural hoje do que alguém renunciar a todos os bens, não possuir nada, doar tudo aos pobres, abandonar uma vida de luxo e viver entre os mais necessitados."

O que há no testamento do papa Francisco?

Na tarde de segunda-feira, 21, foi divulgado pelo Vaticano o testamento do pontífice. Em seus últimos desejos, Francisco pede simplicidade em sua despedida e respeito ao luto.

Veja abaixo alguns dos pedidos feitos em testamento pelo argentino.  

Local de Sepultamento

  • Que seus restos mortais repousem na Basílica Papal de Santa Maria Maior
  • Motivo: Sua devoção à Virgem Maria, a quem sempre confiou seu ministério
  • Posição Exata do Túmulo: no lóculo da nave lateral, entre a Capela Paulina (da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza

Características do Túmulo

  • Deve estar "na terra", enterrado, não elevado
  • Simplicidade: sem ornamentos especiais
  • Inscrição única: apenas "Franciscus"

Financiamento

  • As despesas serão custeadas por um benfeitor já designado
  • Os fundos serão transferidos para a Basílica conforme instruções dadas a Monsenhor Rolandas Makrickas

Pedido Espiritual

  • Solicita orações contínuas por sua alma
  • Oferece seu sofrimento final pela paz mundial
  • Não menciona bens materiais ou heranças.

Confira o comunicado oficial da Santa Sé:

Em Nome da Santíssima Trindade. Amém.

Sentindo que se aproxima o entardecer da minha vida terrena e com viva esperança na Vida Eterna, desejo expressar minha vontade testamentária apenas quanto ao local da minha sepultura. Confiei sempre minha vida e o ministério sacerdotal e episcopal à Mãe de Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que meus restos mortais repousem, à espera do dia da ressurreição, na Basílica Papal de Santa Maria Maior.

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Desejo que minha última viagem terrena se conclua justamente neste antiquíssimo santuário Mariano, onde costumava rezar no início e no fim de cada Viagem Apostólica, confiando com fé minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecendo-Lhe pelo cuidado dócil e materno. Peço que minha tumba seja preparada no lóculo da nave lateral, entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza da referida Basílica Papal, como indicado no anexo em anexo.

O sepulcro deve estar na terra; simples, sem ornamentos especiais, e com a única inscrição: Franciscus. As despesas para a preparação da minha sepultura serão cobertas com a quantia de um benfeitor que designei, a ser transferida para a Basílica Papal de Santa Maria Maggiore conforme instruções que providenciei entregar a Mons. Rolandas Makrickas, Comissário Extraordinário do Capítulo Liberiano.

Que o Senhor conceda a merecida recompensa àqueles que me quiseram bem e continuarão a rezar por mim. O sofrimento que esteve presente na parte final da minha vida, ofereci ao Senhor pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos.

Fonte: Redação Terra
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