Últimos samaritanos da Cisjordânia sobrevivem prevendo futuro

25 jul 2011 - 19h23
(atualizado às 19h40)

No norte da Cisjordânia, os últimos membros da antiga comunidade dos samaritanos, esprimida entre palestinos e israelenses, vivem da prática milenar da vidência e da astrologia. A avenida da Universidade, em Nablus, aonde vão numerosos palestinos em busca de resposta para seus problemas mais difíceis, apresenta-se cheia de cartazes brancos nos quais estão inscritos nomes de sacerdotes samaritanos.

"Herdamos livros de astrologia milenares; os mais recentes usados por nós remontam a cerca de 450 anos", informa Hosni al-Samiri, 67 anos, que "aprendeu a arte da adivinhação e da astrologia aos 12 anos de idade". "A vidência é reservada à classe dos sacerdotes, um terço deles de confissão samaritana, que conta com cerca de 750 membros, a metade em Nablus e a outra, em Holon, em Israel", precisa.

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Em Nablus, os samaritanos vivem no monte Gerizim que consideram sagrado, em casas de telhados artesanais. "Não acreditamos em feitiçaria, em leitura das linhas da mão ou da borra do café e no exorcismo. Tudo isso é charlatanismo. Praticamos a astrologia pedindo o nome da mãe e do esposo(a) do(a) interessado(a) e prevemos a possibilidade ou não de doença, de fracasso no casamento e perda do trabalho", explica o sacerdote.

"Cada letra do nome tem um sentido para nós; a antiga língua hebraica possui 22 letras, cada uma correspondendo a uma parte do corpo", acrescenta. "Os samaritanos possuem livros de astrologia que não existem em nenhum lugar e são capazes de prever o início de cada mês lunar, assim como as eclipses lunares e solares", afirma. "Eles tiram esta ciência de seu ancestral, o profeta José, que interpretava sonhos, acrescenta.

Os samaritanos se consideram os verdadeiros filhos de Israel, saídos do Egito com Moisés e depositários da tradição. "A divisão do povo dos filhos de Israel aconteceu depois de 450 anos de vida na terra de Canaã e da Palestina, quando o rei Salomão construiu seu templo em Jerusalém", conta o sacerdote Hosni al-Samiri. Segundo ele, "naquele momento, os judeus acreditaram no templo de Salomão e nós, samaritanos, achamos que o verdadeiro ficava no monte Gerizim".

A maior parte dos livros antigos foram vendidos, devido à pobreza, e estão, agora, em bibliotecas russas ou americanas. "Os palestinos das aldeias fazem consultas e estão certos de que a arte dos samaritanos é insubstituível", afirma Akil Khalil Johary, dono de uma loja de objetos samaritanos. "Há palestinos que vivem nos Estados Unidos que veem vê-los, quando de passagem pelo país".

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"A primeira consulta para identificar o tipo de problema custa 150 shekels (30 euros), mas a adivinhação propriamente dita pode chegar a 500 ou 5 mil shekels" (de 100 a mil euros), informa.

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