Fumaça é vista em Rafah, na Faixa de Gaza, após o que testemunhas disseram ter sido um ataque aéreo de Israel. 01/08/2014
Foto: Ibraheem Abu Mustafa / Reuters
O exército israelense autorizou neste sábado os habitantes de Beit Lahiya, norte da Faixa de Gaza, a retornar para suas casas, o que poderia significar o fim da operação nesta região.
Testemunhas afirmaram à AFP que constataram uma retirada das tropas israelenses das localidades próximas a Beit Lahiya e a Khan Yunes, sul do território palestino.
"Os habitantes do norte da Faixa de Gaza receberam uma mensagem que informa que podem retornar ao setor de Beit Lehiya", afirma um comunicado do exército.
"Aconselhamos ao habitantes que tenham cuidado com os artefatos explosivos que o Hamas disseminou na área", completa o texto.
Os habitantes "foram informados que podem retornar em total segurança a Beit Lahiya e a Al-Atatra", cidade vizinha, confirmou à AFP uma porta-voz, dando a entender que o exército israelense suspendeu a operação na região.
Novas mortes
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Dezenas de palestinos morreram neste sábado na Faixa de Gaza em ataques do exército de Israel, que procura um soldado desaparecido, ao mesmo tempo que o Egito tenta promover um plano para acabar com o conflito.
Depois do fracasso de um cessar-fogo que deveria durar 72 horas, mas que durou apenas 120 minutos, as esperanças de uma trégua duradoura parecem cada vez mais remotas no conflito que matou mais de 1.600 palestinos desde 8 de julho.
Uma delegação palestina deve desembarcar neste sábado no Cairo para novas negociações, sem a presença, a princípio, de representantes de Israel, que decidirá no fim do dia se retornará às conversações, informou uma fonte israelense que pediu anonimato.
Para Israel não se trata apenas de reduzir o perigo representado pelo movimento palestino Hamas, como no início da operação Barreira Protetora, mas encontrar um subtenente de 23 anos desaparecido desde sexta-feira.
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Militar sequestrado
De acordo com o exército israelense, o Hamas provavelmente capturou Hadar Goldin na manhã de sexta-feira perto de Rafah, sul da Faixa de Gaza.
Mas o destino de Goldin não impediu as operações do exército no território palestino superpovoado de 362 quilômetros quadrados.
De acordo com o porta-voz do exército israelense, Peter Lerner, quase 200 alvos foram atacados nas últimas 24 horas entre túneis, fábricas de armas ou centros de comando.
O exército israelense acredita que o Hamas tenha capturado Hadar Goldin na manhã de sexta-feira perto de Rafah, sul da Faixa de Gaza
Foto: AP
Lerner afirmou desconhecer o paradeiro de Goldin e destacou que no momento o exército não fala oficialmente sobre um sequestro, pois nenhum grupo reivindicou a ação. Mas o exército executou operações de revista na área de Rafah para tentar encontrar o soldado desaparecido, que teria sido conduzido por um túnel.
As Brigadas Ezedin al-Qasam, braço armado do Hamas, afirmaram durante a madrugada que não possuem informação sobre o soldado. Também destacaram que perderam contato com um de seus grupos de combatentes, que podem ter sido vitimados, assim como o soldado israelense.
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Ofensiva
Desde a meia-noite de sábado, os bombardeios israelenses mataram 57 pessoas na região de Rafah, segundo os serviços de emergência locais.
Desde o fracasso do cessar-fogo, pelo menos 114 pessoas morreram na região, informou o porta-voz dos serviços de emergência, Ashraf al-Qudra.
Quinze mortos pertenciam à mesma família, incluindo cinco crianças com idades entre três e 12 anos.
A ofensiva israelense matou 1.654 palestinos, em sua maioria civis, anunciou Qudra. Sessenta e três soldados israelenses morreram e os foguetes lançados a partir de Gaza mataram três civis em Israel.
A aviação israelense prosseguiu com a operação neste sábado com o bombardeio de uma mesquita em Jabaliya e a destruição de várias casas na cidade de Gaza e seus arredores.
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"Os israelenses destroem tudo o que temos e a comunidade internacional não faz nada", disse Mahmud Abu Isa, de 58 anos e que tem 10 filhos.
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12 de junho - Três adolescentes desapareceram na Cisjordânia. Exército israelense estabeleceu controle nas estradas da região de Gush Etzion e de Hebron e fez batidas em um bairro da localidade palestina de Dura, ao sudoeste de Hebron, para encontrá-los.
Foto: AP
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14 de junho - Israel detém 80 palestinos e bloqueia Cisjordânia durante busca por adolescentes. Exército israelense informou do "fechamento de todo o distrito da Judeia e Samaria
Foto: Nasser Shiyoukhi
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15 de junho - Chefe do Parlamento palestino e membro do Hamas, Aziz Dweik foi preso por tropas de Israel, durante uma onda de prisões ligadas a uma caçada em massa por três adolescentes sequestrados.
Foto: AFP
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18 de junho - Soldados israelenses entram em uma casa à procura de três adolescentes israelenses desaparecidos, que temem terem sido sequestrados por militantes palestinos, na aldeia de Taffouh perto da cidade de Hebron
Foto: AP
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20 de junho - Soldados israelenses participam de operação de buscas na Cisjordânia. Durante a operação, o exército israelense deteve 25 palestinos na Cisjordânia
Foto: Reuters
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20 de junho - Como retaliação ao sequestro dos adolescentes israelenses, exército israelense mata adolescente palestino. Jovem foi baleado no peito e morreu em um hospital de Hebron
Foto: AFP
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22 de junho - Exército israelense continua operação contra o movimento islamita Hamas por causa do desaparecimento de três jovens judeus há nove dias. Outros dois palestinos são mortos em ações do Exército israelense
Foto: AP
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22 de junho - Adolescente israelense morre em explosão nas Colinas de Golã. Fato na Colinas de Golã (foto) coincide com uma espiral de tensão na região pelo suposto sequestro de três adolescentes israelenses em um cruzamento da Cisjordânia
Foto: Wikimedia
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29 de junho - Milhares de israelenses se reúnem para uma manifestação pedindo a libertação dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho, em Tel Aviv, Israel
Foto: Oded Balilty
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29 de junho - Uma mulher israelense detém um cartaz com fotos dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho
Foto: Oded Balilty
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30 de junho - Milicianos palestinos dispararam no começo da manhã desta segunda-feira 16 foguetes contra o sul de Israel, em uma nova reviravolta a uma escalada que começou com o suposto sequestro de três adolescentes na Cisjordânia.
Foto: Reuters
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30 de junho - As forças de segurança israelenses encontraram nesta segunda-feira os corpos de três adolescentes que desapareceram na Cisjordânia no começo do mês e confirmaram que de fato se trata dos estudantes seminaristas procurados desde 12 de junho
Foto: Oded Balilty
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01 de julho - Jovem palestino Yussuf Abu Zagher, 18 anos, foi morto pelo Exército israelense, em um ataque contra o campo de refugiados de Jenin, no extremo-norte da Cisjordânia
Foto: Mohammed Ballas
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01 de julho - Israel bombardeou dezenas de locais na Faixa de Gaza, atacando alvos do Hamas depois da descoberta dos corpos de três adolescentes cujo sequestro e morte o país atribuiu ao grupo militante palestino
Foto: Nasser Shiyoukhi
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01 de julho - Milhares de israelenses participam dos funerais pelos três adolescentes israelenses que foram sequestrados em 12 de junho na Cisjordânia
Foto: Gil Cohen Magen
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02 de julho - Pessoas observam os escombros da casa do palestino Ziad Awad, no sul da Cisjordânia. Israel demoliu a casa do palestino, preso este mês sob a acusação de ter matado à bala um policial israelense à paisana em abril, informou o Exército
Foto: Reuters
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03 de julho - Exército israelense confirmou que a Força Aérea atacou posições islamitas em represália ao disparo de cerca de 20 foguetes da Faixa de Gaza
Foto: Mohammed Salem
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04 de julho - Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia entoando hinos e brandindo bandeiras; palestinos e policiais voltaram a entrar em confronto pelo terceiro dia consecutivo. Palestinos enfrentam a polícia israelense em um bairro árabe de Jerusalém
Foto: Baz Ratner
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07 de julho - Sete combatentes palestinos morreram e dois eram considerados desaparecidos após ataques na aéreos israelenses na madrugada de domingo para segunda-feira na Faixa de Gaza
Foto: Hatem Moussa
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08 de julho - Pelo menos 25 palestinos, incluindo crianças, morreram e quase 100 outros ficaram feridos em ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, executados em resposta aos disparos de foguetes, de acordo com o serviço de emergência palestino.
Foto: AFP
Israel iniciou em 8 de julho a guerra para tentar acabar com os lançamentos de foguetes do Hamas e da Jihad Islâmica, assim como com os ataques executados em Israel por comandos infiltrados por túneis.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reafirmou na sexta-feira o direito de defesa de Israel, ao mesmo tempo que pediu mais esforços para proteger os civis em Gaza.
Tanto Obama como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, questionaram a credibilidade do Hamas após o cessar-fogo frustrado de sexta-feira e pediram a libertação do militar israelense.
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Para reforçar o sistema de defesa antimísseis israelense 'Iron Dome' (Cúpula de Ferro), o Congresso americano aprovou na sexta-feira uma ajuda de emergência de 225 milhões de dólares, à espera da assinatura de Obama.
O presidente americano considerou "muito difícil' a instauração deum cessar-fogo, caso israelenses e a comunidade internacional não possam confiar no Hamas.
O presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, afirmou neste sábado que o plano de trégua egípcio é uma "oportunidade real" para acabar com o conflito em Gaza.