Após a morte do papa Francisco, que comandou a Igreja Católica por 12 anos, o presidente Luiz Inácio da Silva decretou na manhã desta segunda-feira, 21, luto de 7 dias no Brasil. Mas o que, na prática, significa a medida?
O luto oficial é considerado um ato mais simbólico do que prático em homenagem a pessoas relevantes para a nação. As bandeiras do Brasil são hasteadas a meio mastro tanto nas sedes do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso, como nas demais autarquias federais.
Mas o período de luto não é considerado feriado, tampouco ponto facultativo. Portanto, o funcionamento dos serviços públicos não sofre qualquer alteração.
1º papa latino-americano
Um mês depois de receber alta do hospital com pneumonia infecciosa, o papa Francisco morreu aos 88 anos. Ele fez sua última aparição pública no domingo, 20, durante as celebrações da Páscoa na Praça de São Pedro, no Vaticano, para uma caminhada surpresa. O pontífice foi eleito em 2013 após a renúncia de Bento XVI.
Em 12 anos de pontificado, o primeiro papa jesuíta e sul-americano da história se comprometeu incansavelmente com a defesa dos migrantes, do meio ambiente e da justiça social, sem questionar as posições da Igreja sobre o aborto ou o celibato dos padres.
Os alertas sobre sua saúde se multiplicaram, ao mesmo tempo em que alimentavam especulações sobre uma possível renúncia, em linha com seu antecessor Bento XVI.
O líder espiritual de quase 1,4 bilhão de católicos foi hospitalizado duas vezes em 2023, uma delas para a realização de uma grande cirurgia abdominal. Ele foi forçado a cancelar vários compromissos nos últimos meses.
Desde os 21 anos, Jorge Bergoglio sofria de pleurisia aguda, uma inflamação da membrana que envolve os pulmões, e os cirurgiões tiveram que remover parte do órgão.
Fã de música e futebol e trabalhador incansável, o papa costumava realizar cerca de dez audiências por dia. Em setembro, ele fez a viagem mais longa de seu pontificado, uma jornada de 12 dias até as fronteiras do Sudeste Asiático e da Oceania.
Em Roma e no exterior, o "papa dos confins da terra", eleito em 13 de março de 2013, denunciou incansavelmente todas as formas de violência, do tráfico de pessoas aos desastres migratórios e à exploração econômica.
Em 11 de fevereiro, ele condenou novamente as expulsões em massa de migrantes do presidente americano Donald Trump, atraindo a ira da Casa Branca.
Feroz oponente do comércio de armas, o ex-arcebispo de Buenos Aires permaneceu impotente diante dos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, apesar dos inúmeros apelos pela paz.