Justiça condena ex-presidente francês Nicolas Sarkozy no caso de financiamento ilegal de campanha pela Líbia

Nicolas Sarkozy manteve até o último momento sua alegação de inocência, afirmando que não há nenhuma prova contra ele

25 set 2025 - 06h43
(atualizado às 08h01)
Resumo
Nicolas Sarkozy foi condenado por formação de quadrilha no caso de financiamento ilícito de sua campanha de 2007 pela Líbia, embora tenha sido absolvido da acusação de corrupção; ele afirmou sua inocência e deve recorrer.
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy chega ao tribunal de Paris para o seu julgamento por financiamento ilegal de campanha da Líbia, relativo à eleição de 2007. Em Paris, em 25 de setembro de 2025.
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy chega ao tribunal de Paris para o seu julgamento por financiamento ilegal de campanha da Líbia, relativo à eleição de 2007. Em Paris, em 25 de setembro de 2025.
Foto: © AFP - JULIEN DE ROSA / RFI

Nicolas Sarkozy foi condenado nesta quinta-feira (25) pela Justiça francesa por formação de quadrilha no caso de financiamento ilegal da campanha de 2007 por Muammar Kadafi, mas foi absolvido da acusação de corrupção. Segundo o tribunal, em troca do apoio líbio, Sarkozy teria favorecido a reintegração da Líbia no cenário internacional e prometido absolver Abdallah Senoussi, cunhado de Kadafi, condenado à prisão perpétua pelo atentado ao voo DC-10 da UTA, que matou 170 pessoas em 1989.

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy manteve até o último momento sua alegação de inocência, afirmando que não há nenhuma prova contra ele, e deve recorrer da sentença. Essa era a investigação que poderia render a punição mais severa ao ex-chefe de Estado. 

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Sarkozy, de 70 anos, já havia sido condenado definitivamente a um ano de prisão por corrupção e tráfico de influência no caso "das escutas" no ano passado, quando teve que usar uma tornozeleira eletrônica, de janeiro a maio, algo inédito para um ex-chefe de Estado na França, antes de entrar com um recurso junto à Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH).

Nicolas Sarkozy foi considerado culpado nesta quinta-feira por formação de quadrilha, mas absolvido da acusação de corrupção no caso que investiga suspeitas de financiamento líbio à sua campanha presidencial de 2007, feito pelo então líder da Líbia, Muammar Kadafi. A juíza Nathalie Gavarino afirmou que o ex-presidente francês, de 70 anos, é culpado por ter "permitido que seus colaboradores agissem para obter apoio financeiro" do regime líbio.

Dois ex-colaboradores próximos de Sarkozy, Claude Guéant e Brice Hortefeux, também foram condenados. Guéant foi considerado culpado por corrupção passiva e falsificação de documentos, enquanto Hortefeux foi condenado por formação de quadrilha. A juíza ainda deve anunciar as penas.

Em abril deste ano, após três meses de audiências, o Ministério Público da França havia solicitado sete anos de prisão em regime fechado e multa de € 300 mil euros contra Sarkozy — a pena mais dura solicitada pelos procuradores especializados em crimes financeiros. Para os outros 11 réus, foram requeridas penas de um a seis anos de prisão.

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Relembre o caso

Sarkozy é acusado, quando era ministro do Interior, de ter firmado um "pacto de corrupção" com o ditador líbio Muammar Kadafi, no final de 2005. O acordo teria sido feito com a ajuda de pessoas muito próximas a ele, como seu chefe de gabinete Claude Guéant e Brice Hortefeux, para que o líder líbio "apoiasse" financeiramente sua ascensão à presidência da França. 

As acusações contra Sarkozy são de corrupção, ocultação de desvio de fundos públicos, financiamento ilegal de campanha e conspiração criminosa. 

Ele pode pegar 10 anos de prisão e uma multa de € 375 mil (cerca de R$ 2,4 milhões), além de privação dos direitos civis (e, portanto, inelegibilidade) por até três anos.  

(Com RFI e AFP)

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