A Rússia acusou um jornalista norte-americano de espionagem enquanto a Finlândia se aproximou de se tornar membro da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aprofundando as tensões entre Moscou e o Ocidente no momento em que a guerra na Ucrânia chega ao 400º dia nesta sexta-feira.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, falou em vídeo na noite de quinta-feira sobre o "caminho tremendo" que seu país percorreu em 400 dias desde a invasão da Rússia em 24 de fevereiro de 2022.
"A Ucrânia vencerá no front... não deixaremos um único vestígio da Rússia em nossa terra e também não deixaremos nenhum inimigo impune. Estamos preparando notícias sobre isso", disse. Ele não deu detalhes, mas os militares ucranianos planejam uma contraofensiva.
Na quinta-feira, o Wall Street Journal negou as acusações de espionagem contra seu repórter, Evan Gershkovich, e exigiu sua libertação imediata. O Kremlin disse que ele foi "pego em flagrante", mas não apresentou nenhuma prova documental ou em vídeo.
A Casa Branca condenou a ação da Rússia e pediu aos cidadãos norte-americanos que vivem ou estão viajando pela Rússia que saiam imediatamente.
"Essas acusações de espionagem são ridículas. O fato de o governo russo ter como alvo cidadãos americanos é inaceitável", declarou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em entrevista coletiva.
O serviço de segurança russo FSB disse ter prendido Gershkovich, um homem de 31 anos que trabalha na Rússia como jornalista há seis anos, na cidade industrial de Yekaterinburg, nos Urais, "suspeito de espionar por interesse do governo norte-americano".
Ele foi levado a Moscou, onde um tribunal em audiência fechada ordenou que ele fosse mantido em prisão preventiva até 29 de maio. A espionagem sob a lei russa pode ser punível com até 20 anos de prisão.
Analistas políticos ocidentais especularam que Moscou poderia tentar negociar Gershkovich em uma troca de prisioneiros com Washington ou usá-lo como alavanca diplomática de alguma outra forma.
"MAIS OTAN, NÃO MENOS"
Separadamente, o Parlamento da Turquia aprovou projeto de lei na quinta-feira para permitir que a Finlândia se junte à Otan. O Parlamento turco foi o último entre os 30 membros da aliança de defesa ocidental a ratificar a filiação da Finlândia depois que o Legislativo da Hungria aprovou projeto de lei semelhante na segunda-feira.
A Suécia também busca adesão à Otan como uma resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia. Uma das principais justificativas da Rússia para a invasão foi evitar a expansão da aliança militar ocidental. A aliança e seus membros têm fornecido a Kiev ajuda militar e econômica.
"Em breve, Finlândia e Suécia serão membros, o que significa que o presidente Putin está obtendo exatamente o oposto do que queria", afirmou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, à Fox News. "Ele queria menos Otan. Ele está obtendo mais Otan."
