Homem sequestra ônibus na Itália em protesto contra governo

Ítalo-senegalês quase provocou uma tragédia com estudantes

20 mar 2019 - 10h56

Um cidadão ítalo-senegalês sequestrou e incendiou um ônibus escolar em San Donato Milanese, nos arredores de Milão, nesta quarta-feira (20), para protestar contra as mortes de migrantes no Mar Mediterrâneo.

    Ousseynou Sy, 47 anos, raptou o veículo, que levava 51 alunos de um colégio da cidade de Crema, e o incendiou com gasolina em uma estrada de San Donato. Segundo um professor que estava com os jovens, o agressor queria seguir até o Aeroporto de Linate.

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    De acordo com o mesmo docente, Sy, que tem cidadania italiana desde 2004, criticava as políticas migratórias do governo italiano. "Quero acabar com isso, é preciso impedir as mortes no Mediterrâneo", teria dito o sequestrador, segundo a primeira reconstrução feita pela polícia.

    Dois adultos e 12 alunos foram levados para um hospital com sintomas de intoxicação, mas ninguém ficou ferido. Sy, por sua vez, foi detido e internado em um hospital de Milão. A dinâmica do ataque ainda é incerta, mas os relatos apontam que o ítalo-senegalês era o motorista do ônibus, que levava os jovens de volta à escola após uma excursão.

    Em determinado momento, Sy teria mudado a rota e, dirigindo-se aos estudantes com uma faca na mão, dito: "Vamos a Linate, ninguém mais desce". Um dos alunos então teria usado o celular para alertar os pais, que acionaram a polícia.

    O motorista ainda tentou furar um bloqueio da Arma dos Carabineiros, mas perdeu o controle do ônibus, que se chocou contra uma mureta. Sy então espalhou gasolina pelo veículo e o incendiou, porém os policiais conseguiram retirar todos os passageiros em segurança.

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    "A coisa importante é o desfecho feliz de um evento - que poderia ter provocado um fim trágico - graças à coragem dos jovens", disse o comandante Luca De Marchis.

    De acordo com o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, o agressor tinha antecedentes penais por dirigir embriagado e violência sexual. "Um senegalês com cidadania italiana ao volante de um ônibus escolar, com antecedentes por dirigir embriagado e violência sexual, sequestrou o veículo e o incendiou. Gostaria de saber por que uma pessoa com tal histórico dirigia um ônibus com jovens", questionou.

    Salvini é o responsável pelo endurecimento das políticas migratórias da Itália, cujo governo fechou os portos para pessoas resgatadas no Mar Mediterrâneo. Desde o início do ano, apenas 398 migrantes conseguiram concluir a travessia, queda de 93,54% em relação ao mesmo período de 2018.

    Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), ao menos 153 indivíduos já morreram ou desapareceram no Mediterrâneo Central em 2019.

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