Um ex-chefe da inteligência militar da Venezuela disse a um tribunal espanhol que os Estados Unidos estão fabricando acusações ligadas ao tráfico de drogas em um pedido de extradição, colocando em dúvida sua cooperação futura com uma ofensiva dos Estados Unidos contra os governantes socialistas venezuelanos.
Os Estados Unidos acreditam que Hugo Carvajal, ex-general e aliado do falecido líder venezuelano Hugo Chávez, tem informações incriminadoras sobre o presidente Nicolás Maduro, sucessor de Chávez contra o qual se voltou, que ele está disposto a compartilhar.
Mas Carvajal, que foi preso pela polícia da Espanha em abril a pedido dos EUA, disse que, dadas as alegações relacionadas a drogas no pedido de extradição, não confia mais em nenhum dos lados.
"Sinto-me ameaçado pelos dois países (EUA e Venezuela)", disse ele à Alta Corte em sua audiência de extradição. "Não confio no Judiciário dos EUA depois do que me fez".
A corte espanhola deve emitir um veredicto nos próximos dias.
A procuradoria disse que a Espanha precisa cumprir o pedido de extradição por causa das sérias acusações ligadas a drogas e ao papel importante de Carvajal no governo Chávez - mas sua advogada, Maria Dolores de Arguelles, disse que o pedido é uma "fraude legal" abusiva.
Carvajal voltou a negar que ajudou a contrabandear cocaína dos rebeldes das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) aos EUA. "Suas acusações são meras especulações que não têm nenhum tipo de sustentação", disse ele à corte.
Além de denunciar Maduro, Carvajal deu seu apoio ao líder opositor Juan Guaidó, que em janeiro invocou a Constituição para assumir uma presidência interina.