UE impõe primeiras sanções à Rússia e promete ajuda à Ucrânia

A União Europeia vai suspender as negociações para liberar vistos e confirmou que os países do G8 não irão às reuniões preparatórias do encontro em Sochi

6 mar 2014 - 17h41
 José Manuel Barroso e presidente do Conselho europeu, Herman Van Rompuy, durante encontro na Bélgica
José Manuel Barroso e presidente do Conselho europeu, Herman Van Rompuy, durante encontro na Bélgica
Foto: Getty Images

A União Europeia (UE) decidiu nesta quinta-feira suas primeiras medidas para abreviar a crise na Ucrânia por via dupla: impondo as primeiras sanções a Moscou com a suspensão das negociações para liberar vistos e garantindo a Kiev ajudas econômicas e um acordo político.

"Nos últimos dias vimos o desafio mais grave para a segurança em nosso continente desde a guerra dos Bálcãs", disse o presidente permanente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, antes de detalhar as medidas que a UE contempla para diminuir as tensões na Ucrânia e em sua península da Crimeia.

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Os chefes de Estado e do governo da UE realizaram hoje em Bruxelas uma cúpula extraordinária dedicada a buscar uma solução pacífica para o conflito.

Como primeira medida, a UE decidiu suspender as negociações com a Rússia frente à liberação de vistos e as do novo acordo-marco das relações entre Bruxelas e Moscou, e confirmou que os países comunitários que pertencem ao G8 não irão às reuniões preparatórias na cidade russa de Sochi.

"Suspendemos as negociações bilaterais para a liberação de vistos com a Rússia e as do novo acordo de associação", anunciou Van Rompuy, que insistiu que para a UE "a solução só pode ser encontrada através da negociação entre a Ucrânia e a Rússia, através de potenciais mecanismos multilaterais que devem começar nos próximos dias e produzir resultados rápidos".

Rompuy acrescentou que "se não for assim, se passará a outras medidas como a proibição de viajar para a UE, o congelamento de ativos e inclusive o cancelamento da próxima cúpula entre a União Europeia e a Rússia".

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Se não houver progressos, "haverá consequências para a relação bilateral entre a União e seus Estados-membros, e Rússia, em amplas áreas econômicas", acrescentou Van Rompuy, que reiterou que a "Rússia tem que diminuir o nível das tensões ou sofrerá as consequências".

Presidente da Comissão Europeia. José Manuel Barroso, fala com jornalistas durante encontro de líderes europeus para discutir os conflitos na Ucrânia, em Bruxelas
Foto: Getty Images

A UE avaliou a importância de suas relações com Kiev e Moscou, e disse que está preparada para manter um diálogo "franco e aberto" com ambos, respeitando a integridade territorial e a soberania ucraniana. "Nossa prioridade é uma saída negociada e pacífica para essa crise", afirmou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.

Até o momento, a Rússia ignorou as pressões da UE e dos Estados Unidos - que hoje impuseram restrições de vistos aos envolvidos na intervenção militar russa na Crimeia - para solucionar o conflito.

"Qualquer passo a mais da Rússia para desestabilizar a situação na Ucrânia pode levar a consequências muito mais severas para suas relações com a UE e seus Estados-membros", advertiram os 28 membros da União.

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Quanto à Ucrânia, acordaram que antes das eleições ucranianas de 25 de maio assinarão com o governo interino de Kiev os capítulos políticos do acordo de associação oferecido e que deu lugar em novembro passado ao início dos confrontos entre pró-União Europeia e pró-Rússia.

"Decidimos como assunto prioritário que assinaremos muito em breve os capítulos políticos" desse acordo, "antes das eleições ucranianas", afirmou também Van Rompuy, em referência a esse processo eleitoral.

Os líderes da UE sublinharam seu "firme" apoio ao governo do primeiro-ministro interino, Arseni Yatseniuk, que participou das discussões do Conselho Europeu.

Yatseniuk agradeceu pelo apoio dos europeus e insistiu em conseguir uma solução para a crise pela via política, apesar de assegurar que, se o território da Ucrânia "se vê invadido por forças estrangeiras, o governo e o exército ucranianos agirão".

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A UE mostrou sua vontade de fornecer à Ucrânia a exportação de bens para o território europeu, fomentar o processo de liberalização de vistos de seus cidadãos e assistir o país no terreno da segurança energética por meio da diversificação da provisão. Em paralelo, flertando com a Moldávia e a Geórgia, se mostraram dispostos a assinar com esses países acordos de associação (já rubricados) antes do fim de agosto.

Os líderes europeus também respaldaram por unanimidade o pacote de ajudas financeiras à Ucrânia no valor de pelo menos 11 bilhões de euros proposto pela Comissão Europeia a cargo do orçamento comunitário e das instituições financeiras internacionais na União.

Advertiram também que o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) à Ucrânia será "crítico para desbloquear a assistência da UE", e pediram a Kiev que realize "urgentemente" reformas estruturais para lutar contra a corrupção e reforçar a transparência.

"É crucial que haja reformas vinculadas a essa assistência", disse Barroso.

Os líderes da UE também decidiram congelar e recuperar bens de pessoas responsáveis pelo desvio de fundos públicos do Estado ucraniano, relacionados com o governo do destituído presidente Viktor Yanukovich.

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