Grã-Bretanha faz planos caso a Escócia vote para se separar

Nesta segunda-feira, uma nova pesquisa apontou empate técnico, com 38% para o "Sim" e 39% para o "Não", e 23% de indecisos ou que não opinaram

9 set 2014 - 08h47
(atualizado às 08h47)
Movimento pró-independência da Escócia "Generation Yes" (Geração Sim)
Movimento pró-independência da Escócia "Generation Yes" (Geração Sim)
Foto: Getty Images

O órgão regulador do mercado financeiro da Grã-Bretanha (FCA) disse nesta terça-feira que elaborou um "planejamento básico de contingência", para o caso de os escoceses votarem este mês pela independência da Escócia.

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Mas no caso de a Escócia se separar do Reino Unido, os parlamentares em Edimburgo terão de decidir como seu mercado financeiro será regulado, disse o presidente da Autoridade da Conduta Financeira, John Griffith-Jones.

"Fizemos um planejamento básico de contingência", declarou Griffith-Jones à Comissão de Finanças do Parlamento.

Faltando nove dias para o referendo sobre a independência da Escócia, as campanhas pró e contra estão disputando palmo a palmo o apoio dos eleitores, mas uma pesquisa divulgada nesta terça-feira pelo instituto TNS mostrou um aumento no apoio à separação. Uma outra pesquisa publicada no domingo pelo Sunday Times posicionava pela primeira vez o campo pró-independência na frente.

Os planos da FCA incluem "certificar-se de que as linhas telefônicas estejam devidamente operadas para quando as pessoas ligarem ... certificar-nos de que temos uma posição quanto a que conselho seria apropriado dar no dia, quando os consumidores perguntam o que deveriam fazer", afirmou Griffith-Jones. Entrar nos detalhes provavelmente "vai ser complicado", acrescentou.

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Londres tenta evitar independência

Os partidos britânicos lançaram nesta segunda-feira uma ofensiva sobre a Escócia para evitar que o país se torne independente do Reino Unido; uma possibilidade que, de acordo com as últimas pesquisas, é cada vez maior.

Rainha Elizabeth encontra primeiro-ministro da Irlanda do Norte, Peter Robinson (foto de arquivo)
Foto: Peter Robinson / Reuters

Faltam nove dias para o referendo de 18 de setembro, quando 4,2 milhões de eleitores poderão responder à pergunta "A Escócia deve ser um país independente? Sim/Não".

Desde que o referendo foi convocado, em 2012, os partidários da independência eram minoria. Mas no domingo o jornal The Times publicou uma pesquisa do instituto YouGov indicando a vitória da secessão por dois pontos (51%-49%).

Nesta segunda-feira, uma nova pesquisa apontou empate técnico, com 38% para o "Sim" e 39% para o "Não", e 23% de indecisos ou que não opinaram.

Divulgada a nove dias da votação, com base em 990 eleitores, a pesquisa TNS Scotland confirma o grande avanço dos separatistas detectado pelo instituto YouGov.

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O ministro das Finanças, o conservador George Osborne, imediatamente prometeu que, caso os escoceses votem "não", novas competências serão concedidas ao governo regional.

Um plano deve ser divulgado até terça-feira com o apoio dos três grandes partidos britânicos -Conservador, Trabalhista e Liberal. Os independentistas classificam a decisão como um "suborno de última hora", nas palavras da liderança Alex Salmond, chefe do governo regional e líder Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês).

"Depois de não conseguir assustar os escoceses, a próxima etapa é claramente tentar nos comprar", disse Salmond, que ao longo da campanha denunciou a estratégia de Londres de aterrorizar os eleitores com as consequências negativas que a independência pode trazer.

A rainha Elizabeth II, que os independentistas querem manter como chefe de Estado e que é considerada neutra neste debate, disse estar "horrorizada" com a perspectiva de secessão, segundo comentários feitos por uma fonte ligada à realeza que não quis se identificar.

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O primeiro-ministro, David Cameron, disse no Parlamento que "a decisão patriótica seria votar em uma Escócia orgulhosa mas dentro do Reino Unido".

"Nada mais importa na política britânica do que salvar a União", foi o título nesta segunda-feira de uma análise no jornal The Guardian.

O escocês Alistair Darling, líder da campanha unionista e ministro das Finanças do último governo trabalhista, pediu o esforço dos partidários favoráveis à permanência da Escócia no Reino Unido, que foram menos atuantes do que os independentistas.

"Está muito apertado. Estamos em uma situação em que qualquer eleitor pode fazer diferença no referendo", disse Darling à rádio BBC, comparando o cenário como o de Quebec, província canadense que em 1995 decidiu continuar unida ao Canadá por uma diferença de 50.000 votos em um total de 4,7 milhões.

A possibilidade de a Escócia se tornar independente tem gerado especulações sobre o futuro político de Cameron. Gordon Brown acusou o governo conservador de "ter dado asas aos independentistas".

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"Muitos estão irritados com o 'bedroom tax' (imposto criado pelo atual governo para os ocupantes de moradias sociais que tenham algum quarto desocupado), enquanto os ricos se beneficiam da redução de impostos", escreveu em uma coluna do jornal Sunday Mirror.

Onda Separatista: Entenda o caso da Escócia

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