França: Assembleia Nacional aprova suspensão da reforma da Previdência de 2023

A Assembleia Nacional da França aprovou por ampla maioria nesta quarta-feira (12), em primeira leitura, a suspensão da reforma da Previdência de 2023. A medida foi aprovada por 255 votos a favor e 146 contra.

12 nov 2025 - 16h57
(atualizado em 13/11/2025 às 06h48)

A mudança, que faz parte da proposta de orçamento para 2026, contou com apoio majoritário do Partido Socialista (PS - esquerda), dos Verdes e do Reunião Nacional (RN - extrema direita), além de abstenções do partido centrista Renascença. Já a França Insubmissa (LFI - esquerda radical) e os Comunistas votaram contra, denunciando o projeto como um mero "atraso" na implementação da principal reforma do segundo mandato do presidente Emmanuel Macron.

Os deputados franceses reunidos na Assembleia Nacional votaram pela suspensão da reforma das aposentadorias. Em 12 de novembro de 2025.
Os deputados franceses reunidos na Assembleia Nacional votaram pela suspensão da reforma das aposentadorias. Em 12 de novembro de 2025.
Foto: © Thomas Samson / AFP / RFI

"Votar pelo adiamento da reforma da Previdência é votar pela aposentadoria aos 64 anos. Jamais validaremos os dois anos de vida roubados do povo francês", declarou a líder dos deputados da LFI, Mathilde Panot, no plenário.

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Por razões opostas, a suspensão também enfrentou resistência na direita: o grupo de deputados do partido Os Republicanos (LR) votou contra. De acordo com o presidente da legenda, Bruno Retailleau, essa foi "uma vitória temporária para o Partido Socialista e uma decisão irresponsável". Ele descreveu a suspensão como uma "capitulação", acusando o governo de "covardia" e de ter cedido à "ditadura" do PS.

"Estou consternado com a covardia do governo, que acaba de sacrificar o futuro das novas gerações por sua sobrevivência política", declarou Retailleau, acrescentando que a medida "custará bilhões à França".

Aliado próximo do presidente Emmanuel Macron, o primeiro-ministro Sébastien Lecornu havia prometido suspender a reforma, que eleva gradualmente a idade legal de aposentadoria para 64 anos, a fim de levar os socialistas à mesa de negociações.

Os deputados do campo presidencial decidiram se abster e, assim, não impedir uma votação favorável. "Não queremos atrapalhar o compromisso" alcançado entre o primeiro-ministro Sébastien Lecornu e os socialistas, explicou o deputado e ex-premiê Gabriel Attal, presidente do grupo Juntos pela República (EPR) na Assembleia Nacional.

O partido Reunião Nacional, liderado por Marine Le Pen, que possui o maior número de deputados na Assembleia, é contra a reforma e votou a favor da suspensão.

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O texto suspende até janeiro de 2028 o aumento gradual da idade de aposentadoria para 64 anos, bem como o aumento do número de trimestres de contribuições exigidos.

Essa é uma importante concessão do governo de Sébastien Lecornu ao Partido Socialista para evitar ser censurado no Parlamento e garantir sua sobrevivência. A reforma, adotada com grande dificuldade há dois anos, foi um ponto crucial nas discussões orçamentárias.

Vitória temporária

O primeiro-secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, saudou "uma vitória importante", afirmando que a questão das pensões será "um dos principais debates da eleição presidencial de 2027". Dizendo-se "muito orgulhoso" desta votação, Faure enfatizou tratar-se de "uma vitória temporária", diante da possibilidade de revogação da reforma caso a esquerda chegue ao poder.

O Medef (Confederação Empresarial Francesa) condenou a suspensão como um "erro fatal" do governo. A questão também divide os sindicatos: a CFDT (Confederação Democrática Francesa do Trabalho) saudou uma "verdadeira vitória", enquanto a CGT (Confederação Geral do Trabalho) criticou o que considera um "mero adiamento".

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Ainda há um longo caminho para ratificar a suspensão da reforma, que será recebida com hostilidade no Senado, onde será analisada a partir de sábado em comissão e em 19 de novembro no plenário.

Com RFI e agências

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