Trump volta a criticar julgamento contra Bolsonaro no STF: 'O que estão fazendo é vergonhoso'

Em coletiva no Salão Oval, republicano voltou a defender o ex-presidente ao citar as tarifas comerciais de 50% sobre exportações brasileiras

16 jul 2025 - 15h15
(atualizado às 16h49)
Resumo
Donald Trump criticou julgamento do STF contra Bolsonaro, chamou de "vergonhoso", e defendeu o ex-presidente enquanto justificava tarifas de 50% sobre exportações do Brasil, que geraram indignação do governo brasileiro e esforços para reverter a medida.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, novamente criticou o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado: "O que o Brasil está fazendo é vergonhoso", disse o republicano nesta quarta-feira, 16.

A declaração se deu durante uma coletiva de imprensa no Salão Oval da Casa Branca, após reunião entre Trump e o príncipe herdeiro e primeiro-ministro do Bahrein, Salman bin Hamad bin Isa Al Khalifa. 

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Na ocasião, o presidente foi questionado sobre a expectativa de receita com a efetivação das tarifas anunciadas, programada para 1º de agosto, e o impacto no orçamento dos EUA, e afirmou que a data é o dia em que 'um dinheiro considerável entrará' nos cofres do Tesouro estadunidense.

Trump volta a criticar julgamento contra Jair Bolsonaro (PL) em coletiva no Salão Oval da Casa Branca
Trump volta a criticar julgamento contra Jair Bolsonaro (PL) em coletiva no Salão Oval da Casa Branca
Foto: Reprodução

Sobre o Brasil e a imposição de 50% de tarifas sobre as exportações brasileiras, o republicano voltou a defender Bolsonaro: "Em um dos casos é 50%, o Brasil, porque o que eles estão fazendo com seu ex-presidente é vergonhoso."

"Eu o conheço, ele lutou muito pelos brasileiros. Acredito que ele seja um homem honesto e o que estão fazendo com ele é terrível", completou Trump. 

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Governo brasileiro manifesta 'indignação'

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O governo brasileiro manifestou a 'indignação' pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos e cobrou uma solução 'mutuamente aceitável'. O pedido foi feito em carta endereçada ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio do país, Jamieson Greer, na terça-feira, 15.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços divulgou nesta quarta, 16, o documento assinado pelo ministro e vice-presidente, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Segundo o governo, a tarifa de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil aos EUA, anunciada pelo presidente Donald Trump no último dia 9, terá "impacto muito negativo" sobre setores importantes da economia de ambos os países, "colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda". 

"Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre os países, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas", aponta o primeiro trecho.

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

Ainda de acordo com o comunicado, o governo brasileiro mantém, desde antes do anúncio das tarifas recíprocas, um diálogo "de boa-fé" com as autoridades estadunidenses para buscar alternativas que aprimorem o comércio bilateral, "apesar de o Brasil acumular com os EUA grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões (cerca de R$ 2,2 trilhões, na cotação atual)".

A pasta aponta também que o Brasil solicitou em "diversas ocasiões" que os americanos identificassem áreas específicas de preocupação para o governo, e até apresentou em 16 de maio uma minuta confidencial de proposta, com áreas de negociação nas quais poderiam explorar soluções mutuamente acordadas. No entanto, não houve resposta dos Estados Unidos.

"Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirma que o Brasil estará respaldado pela Lei da Reciprocidade Econômica, que autoriza o governo a adotar medidas proporcionais contra os Estados Unidos.

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A nova tarifa de 50% anunciada por Trump começa a valer no dia 1º de agosto. Até lá, Alckmin garantiu que manterá o diálogo com o comércio estrangeiro, e que a indústria brasileira busca saídas para reverter o aumento da alíquota.

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Fonte: Redação Terra
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