As negociações climáticas da ONU estavam chegando ao meio do caminho nesta sexta-feira, com os países ainda discutindo sobre quais questões poderiam ser reunidas em um acordo final da cúpula -- e se esse acordo é mesmo possível.
Do lado de fora, grupos indígenas se reuniram em protesto contra a indústria e o desenvolvimento em andamento nas florestas que chamam de lar. Eles organizaram uma manifestação pacífica na entrada da cúpula pela manhã, antes de exigirem com sucesso uma reunião com o presidente da COP30, André Corrêa do Lago.
"Quem protege o clima somos nós, e a Amazônia não pode continuar sendo destruída para enriquecer grandes empresas", dizia uma declaração do povo Munduruku, cujo território no norte do Brasil abrange cerca de 24.000 km².
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou as comunidades indígenas como atores-chave nas negociações da COP30 deste ano.
"Presidente Lula, estamos aqui na frente da COP porque queremos que o senhor nos escute. Não aceitamos ser sacrificados para o agronegócio", diz o comunicado.
A presidência brasileira da COP30 disse que quer que a cúpula se concentre na realização de promessas passadas, em vez de fazer novas promessas.
Para evitar uma batalha de agenda no início da cúpula, Corrêa do Lago fechou um acordo antecipado para manter itens polêmicos como financiamento climático, déficit nos planos climáticos nacionais, comércio e metas globais de redução de gases de efeito estufa de um lado para serem tratados separadamente.
DELEGADOS NERVOSOS COM AMBIÇÃO DA CÚPULA
Na agenda oficial, os negociadores de 195 governos estão trabalhando para concretizar acordos anteriores, como o avanço nas formas de medir e apoiar os esforços para criar resiliência contra extremos climáticos e outras consequências do aquecimento global, conhecido no jargão da COP como "adaptação".
Essa abordagem das negociações deixou alguns nervosos quanto ao resultado da cúpula, preocupados com o fato de que as negociações poderiam dar uma resposta leve a uma crise climática crescente ou, em vez disso, fracassar completamente.
"Se continuarmos nessa trajetória atual, o resultado será muito, muito fraco, o que fará com que a cúpula seja um fracasso, quando deveria ser um momento muito importante", disse Andrew Wilson, vice-secretário geral de políticas da Câmara de Comércio Internacional.
Alguns países, incluindo o anfitrião Brasil, estão buscando uma declaração forte para avançar a promessa da COP28 de buscar a "transição para longe dos combustíveis fósseis".
Não está claro se a cúpula de duas semanas cumprirá essa promessa antes de seu término, previsto para 21 de novembro.
Com a ação sobre combustíveis fósseis deixada de fora da agenda formal, uma maneira de mostrar o progresso acordado sobre a questão é incluí-la em uma decisão de capa, geralmente vista como o acordo central da conferência.
"Sei que pode ser um tópico difícil de encontrar a maneira certa de falar, mas se tivermos a chance de fazer isso aqui em Belém, acho que é uma coisa boa", disse Andreas Bjelland Eriksen, ministro norueguês do clima, à Reuters.
Embora uma decisão de capa ainda não seja certa, o ímpeto está aumentando para demonstrar que a unidade global em relação à mudança climática ainda está intacta, mesmo que os Estados Unidos tenham se afastado.