Cessar-fogo só exisitirá quando tropas israelenses partirem completamente, alerta premiê do Catar

As negociações para consolidar o acordo de paz apoiado pelos Estados Unidos para a Faixa de Gaza estão em um estágio crítico, afirmou neste sábado (6) o primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, à margem do Fórum de Doha. Segundo ele, os mediadores — com o Catar desempenhando papel central — trabalham na próxima fase do cessar-fogo.

6 dez 2025 - 12h00

"Estamos em um momento crítico. Ainda não chegamos lá. O que fizemos foi apenas uma pausa", disse. "Isso ainda não pode ser considerado um cessar-fogo. Um cessar-fogo não pode ser concluído até que as forças israelenses se retirem completamente, até que a estabilidade retorne a Gaza, até que as pessoas possam circular livremente, o que não acontece hoje", completou.

"Neste momento, nós — Catar, Turquia, Egito e Estados Unidos — estamos reunidos para avançar para a próxima fase", afirmou. Essa etapa, segundo ele, também é temporária, até que se encontre uma "solução duradoura".

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A segunda fase do plano, ainda não aprovada, prevê o desarmamento do Hamas, a criação de uma autoridade de transição e o envio de uma força internacional de estabilização.

Transição

O plano apresentado por Washington inclui um mandato de dois anos para um órgão governamental de transição em Gaza e uma força internacional para garantir a segurança no enclave palestino.

O ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty, defendeu neste sábado o envio de tropas de estabilização ao longo da Linha Amarela — zona tampão criada após o cessar-fogo — para monitorar o cumprimento do acordo entre Israel e Hamas.

Ele também reafirmou que a passagem de Rafah, na fronteira entre Gaza e Egito, será usada apenas para entrega de ajuda humanitária e médica, e não para deslocamento da população palestina.

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Na sexta-feira, Egito, Catar e outros seis países de maioria muçulmana expressaram "profunda preocupação" após Israel anunciar que abriria a passagem apenas para quem deixasse Gaza. O Cairo negou ter concordado com a medida e insistiu que Rafah seja aberta nos dois sentidos.

Na quinta-feira, uma delegação israelense participou de conversas no Cairo sobre a repatriação do último refém mantido em Gaza, o que encerraria a primeira fase do plano proposto por Donald Trump.

Violações do cessar-fogo

Embora os combates tenham diminuído desde o início do cessar-fogo, em 10 de outubro, Hamas e Israel continuam trocando acusações de violações. Neste sábado, o exército israelense informou ter matado três combatentes palestinos que cruzaram a Linha Amarela em dois incidentes separados.

Autoridades palestinas relataram cinco mortes em Beit Lahiya e Jabalia, no norte de Gaza.

Catar e Egito apelaram para a retirada completa das tropas israelenses e o rápido envio da força internacional de estabilização para consolidar a frágil trégua.

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Essas medidas fazem parte da segunda fase do plano de Trump para encerrar a guerra, iniciada com o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.

A primeira fase, em vigor desde 10 de outubro, previa a libertação de reféns em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos e uma retirada parcial das forças israelenses, que ainda controlam cerca de 50% do território.

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