Austrália recebe primeiros refugiados climáticos de Tuvalu, arquipélago ameaçado pela elevação dos oceanos

Em 2023, a Austrália assinou com Tuvalu a União de Falepili, um acordo que, a longo prazo, prevê oferecer asilo a toda a população deste pequeno arquipélago do sudoeste do Pacífico, diretamente ameaçado pela elevação do nível do mar. Dois anos depois, os primeiros refugiados climáticos começam a chegar ao país, onde vão começar uma nova vida.

12 dez 2025 - 13h33

Grégory Plesse, correspondente da RFI em Sydney

No primeiro grupo estão pessoas com diferentes trajetórias de vida, como, por exemplo, uma operadora de empilhadeira, uma dentista e um líder religioso. No novo refúgio, eles esperam, entre outras coisas, que o deslocamento forçado não rompa os laços culturais e espirituais que mantêm com seu país natal. Além disso, os imigrantes também desejam contribuir para o desenvolvimento da terra que os acolheu.

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"Posso acrescentar tudo o que eu aprender na Austrália à minha cultura de origem e ajudar o país", disse a dentista Masina Matolu, que vai se instalar na cidade de Darwin, no norte, com seus três filhos em idade escolar e seu marido marinheiro. Ela planeja trabalhar com comunidades indígenas.

Já Manipua Puafolau, pastor em formação na maior igreja de Tuvalu, almeja se esforçar para preservar a vida espiritual de sua comunidade a milhares de quilômetros de sua terra natal. Ele vai se estabelecer na pequena cidade de Naracoorte, na Austrália Meridional, onde já há uma comunidade de imigrantes das ilhas do Pacífico, que trabalha na agricultura sazonal e na indústria da carne.

"Para as pessoas que se mudam para a Austrália, não se trata apenas de seu bem-estar físico e econômico, mas também de uma necessidade de acompanhamento espiritual", afirmou ele em um vídeo divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores australiano.

Mobilidade com dignidade

Entre os arquipélagos da região da Polinésia, Tuvalu é um dos mais ameaçados pela subida das águas dos oceanos, segundo cientistas da NASA. Cerca de 90% das terras emergidas do território de 11 mil habitantes poderão ficar submersas até 2050, de acordo com os cenários mais pessimistas.

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Isso levou o governo do arquipélago, em 2023, a abrir mão de parte de sua soberania, em troca da promessa da Austrália de acolher toda a sua população, num ritmo de 280 pessoas por ano. Mais de um terço da população de Tuvalu já apresentou um pedido de asilo climático.

Com a chegada do primeiro grupo, a Austrália começou a implementar serviços de apoio para ajudar as famílias do arquipélago a se instalarem na cidade de Melbourne, no estado de Victoria, em Adelaide, no estado da Austrália Meridional, e no estado de Queensland.

O primeiro-ministro de Tuvalu, Feleti Teo, visitou no mês passado a comunidade de imigrantes do arquipélago que já viviam em Melbourne para destacar a importância de manter laços culturais fortes além das fronteiras.

Para Penny Wong, chefe da diplomacia australiana, trata-se de oferecer uma solução de mobilidade com respeito. O visto climático oferece "mobilidade com dignidade, dando aos refugiados de Tuvalu a oportunidade de viver, estudar e trabalhar na Austrália enquanto os efeitos das mudanças climáticas se agravam", disse ela em comunicado.

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