Além dos 16 mortos, quase 30 pessoas ficaram feridas pelos dois atiradores. Um deles foi morto pela polícia, e o segundo foi ferido e detido.
"Este ataque teve como alvo a comunidade judaica de Sydney no primeiro dia de Hanukkah", o feriado judaico que estava sendo celebrado naquele momento por uma multidão na praia, disse o governador de Nova Gales do Sul, Chris Minns, em uma coletiva de imprensa.
"Este foi um ataque direcionado contra judeus australianos no primeiro dia de Hanukkah, que deveria ser um dia de alegria, uma celebração da fé — um ato malicioso, antissemita e terrorista que atingiu o coração da nossa nação", reiterou o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, em um pronunciamento na televisão. "Um ataque contra judeus australianos é um ataque contra todos os australianos", acrescentou.
Em coletiva, o chefe de polícia do estado, Mal Lanyon, disse que foi um "ato de terrorismo" e que um "artefato explosivo improvisado" foi encontrado em um carro usado por um dos suspeitos.
Alta do antissemitismo
"Nossos irmãos e irmãs em Sydney foram atacados por terroristas vis em um ataque cruel contra judeus que foram à praia de Bondi para acender a primeira vela de Hanukkah", afirmou o presidente israelense, Isaac Herzog, logo após o ataque.
"Temos alertado repetidamente para o governo australiano tomar medidas e combater a enorme onda de antissemitismo na sociedade australiana", acrescentou, antes de as autoridades do país confirmarem que o tiroteio visava especificamente a comunidade judaica de Sydney.
"Esta é uma tragédia, mas totalmente previsível", disse à AFP o chefe da Associação Judaica da Austrália, Robert Gregory, acrescentando que o governo australiano "foi avisado repetidamente, mas não tomou as medidas adequadas para proteger a comunidade judaica".
Premiê homenageia heróis que desarmaram agressor
Segundo a polícia, o ataque começou às 18h45 (4h45 em Brasília), na praia de Bondi, que costuma ficar lotada de banhistas, nadadores e surfistas nos fins de semana. "Ouvimos os tiros. Foi chocante. Foram uns dez minutos de tiroteio ininterrupto. Parecia uma arma potente", disse à AFP Camilo Diaz, um estudante chileno de 25 anos, no local.
O primeiro-ministro australiano elogiou os "heróis" que intervieram durante o ataque para tentar conter os agressores. Um pedestre cercou um dos atiradores por trás e conseguiu tomar dele o fuzil que segurava. Na sequência, outras pessoas também se envolveram para ajudá-lo.
"Vimos hoje australianos correrem em direção ao perigo para ajudar os outros. Esses australianos são heróis e sua bravura salvou vidas", salientou Albanese.
Na encosta coberta de gramado de frente para a praia, ficaram para trás inúmeros objetos abandonados em meio ao pânico das pessoas que fugiam do tiroteio. A emissora nacional ABC mostrou imagens de várias pessoas deitadas na grama. Havia "sangue por toda parte", disse o morador local Harry Wilson, à ABC.
Reações internacionais
O Conselho Nacional de Imãs da Austrália condenou o "ataque traumático". "Este é um momento para todos os australianos, incluindo a comunidade muçulmana australiana, se unirem em solidariedade, compaixão e apoio mútuo", acrescentou a organização.
Na Europa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar "chocada" com o ataque em Sydney. "A Europa está ao lado da Austrália e das comunidades judaicas em todo o mundo. Estamos unidos contra a violência, o antissemitismo e o ódio", escreveu ela no X.
A chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, condenou "um ato horrível de violência contra a comunidade judaica". O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a França "compartilha a dor do povo australiano e continuará a lutar incansavelmente contra o ódio antissemita que nos fere a todos, onde quer que ele ataque". O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declarou que o Reino Unido "estará sempre ao lado da Austrália e da comunidade judaica" e ofereceu suas "condolências a todos os atingidos pelo terrível ataque".
Com informações da AFP