Milhares de indonésios protestaram nesta sexta-feira nas ruas da capital do país para pedir uma punição severa para o governador em fim de mandato de Jacarta, Basuki Tjahaja Purnama, acusado de blasfêmia e que enfrenta uma pena máxima de um ano de prisão.
Alguns dos manifestantes, como o engenheiro Burhan Asep, disseram que o protesto era para defender o Islã e que não queriam influir na decisão do poder judiciário.
Outros se mostraram mais radicais, como o grupo fundação Al-Ikhwan, que portava um cartaz com a mensagem "só a pena de morte é apropriada para um blasfemo".
O porta-voz da Polícia Nacional, Setyo Wasisto, declarou à Agência Efe que a manifestação, na qual cerca de 10.000 agentes se encarregaram da segurança, aconteceu sem incidentes, e estimou o número de pessoas entre 15.000 e 20.000.
Purnama, cristão de etnia chinesa e conhecido como Ahok, foi acusado em novembro do ano passado de supostamente criticar o versículo 51 do Corão, que trata a relação de muçulmanos com cristãos e judeus, durante declarações que fez em setembro.
O julgamento começou em dezembro com acusações de blasfêmia e incitação ao ódio que podiam lhe render quatro e cinco anos de prisão, respectivamente.
Apesar disso, os promotores solicitaram um ano de prisão e dois de liberdade condicional em abril, antes que o julgamento tivesse sentença.
Ahok, que perdeu este ano no segundo turno a reeleição ao cargo nas urnas, defendeu sua inocência desde o começo e denunciou a manipulação do vídeo com a suposta blasfêmia.
O radicalismo islâmico, com a organização Frente de Defensores do Islã à frente, marcou Ahok como "kafir" (infiel) e proibiu os muçulmanos de votarem nas últimas eleições.
A Indonésia é o país com mais muçulmanos do mundo, com 88% de seus 250 milhões de habitantes professando esta religião, a grande maioria de forma moderada.