Mamnún Hussein, novo presidente do Paquistão, é fiel ao primeiro-ministro

30 jul 2013 - 11h10

O novo presidente paquistanês, Mamnún Hussein, é um pequeno empresário têxtil da cidade meridional de Karachi cujo maior mérito político é, segundo os analistas, sua inveterada fidelidade ao líder de seu partido e primeiro-ministro, Nawaz Sharif.

Algumas análises da imprensa local abordaram a lealdade de Hussein a Sharif, inclusive nos anos do exílio do atual primeiro-ministro, durante a década passada.

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Um dado muito mencionado, nesse caso pela imprensa da vizinha Índia, é que Hussein nasceu em 1940 na cidade indiana de Agra, o que o insere no grupo de dirigentes do subcontinente que nasceram antes da partilha em um território agora estrangeiro.

Nesse grupo está o atual primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, nascido no atual Paquistão, e o ex-general e presidente paquistanês Pervez Musharraf, nascido em Nova Délhi.

O novo chefe de Estado pertence à minoria mohayir, falantes de urdu que emigraram da Índia ao Paquistão após a partilha do império britânico em 1947 e tiveram durante décadas o domínio da cidade de Karachi.

Hussein quase não ocupou cargos públicos e seu posto de maior projeção foi o de governador da província de Sind, que ocupou em 1999 durante alguns meses antes de Sharif, então primeiro-ministro, ser deposto por um golpe de Estado.

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Formado em administração de empresas, Mamnún Hussein ergueu seu negócio têxtil na maior cidade paquistanesa e coração financeiro do país, Karachi, onde chegou a presidir a associação de comércio, apesar de não estar entre os grandes empresários da zona.

Os perfis destacam, no entanto, sua capacidade negociadora e certa cordialidade que servirão a Sharif para se aproximar de um território relativamente alheio a ele, o empresariado da oriental Lahore, o outro grande pólo econômico do país.

Equilibrar a atenção ao grande peso político de Lahore, capital da província do Punyab - a mais povoada do Paquistão - e à economia do porto de Karachi, uma caótica e violenta cidade de 20 milhões de habitantes, sempre foi um desafio para governantes paquistaneses.

Não é por acaso que tanto Hussein como os candidatos dos dois grandes partidos opositores, o PPP de Bhuto e o "PTI" de Imrán Khan, sejam de Karachi, conscientes da importância dos equilíbrios regionais e étnicos.

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O novo chefe de Estado, que foi eleito por arrasadora maioria, reflexo do atual domínio no Paquistão da Liga Muçulmana liderada por Sharif, recebeu, além disso, o apoio de outras forças parlamentares minoritárias.

"Se for eleito, me assegurarei de que não sou o presidente de um partido, mas de todos os paquistaneses", disse o presidente na semana passada em uma entrevista coletiva em que mostrou sua vontade de transcender dentro do possível as divergências políticas que assolam o país.

  
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