A Tailândia levará pelo menos 20 meses para convocar eleições, anunciou nesta quarta-feira (16) o vice-primeiro-ministro do país, Wissanu Krea-Ngam, o que prolonga a permanência da junta militar que tomou o poder em um golpe de estado em maio de 2014.
O novo prazo prorroga em um ano o calendário que estava previsto até 6 de setembro, quando o parlamento - eleito a dedo pela junta militar - rejeitou a minuta de Constituição que deve ser submetida a referendo, o que obrigou ao reinício do processo.
O documento descartado previa a possibilidade de nomear um primeiro-ministro não eleito e a criação de um comitê, formado por militares com o poder de intervir na política sem a necessidade de pedir permissão ao Executivo ou ao Legislativo.
Em um comparecimento perante o corpo diplomático de Bangcoc, Wissanu indicou que antes de convocar eleições será preciso redigir uma nova minuta de Constituição, aprová-la em referendo, aprovar o pacote de leis necessárias e organizar a campanha eleitoral.
"20 meses são demais? Sim, poderia ser mais curto se reduzíssemos o tempo previsto para cada passo. Poderiam ser 16 ou 17 meses", disse Wissanu.
Segundo o vice-primeiro-ministro, os 20 membros do novo comitê redator da Carta Magna serão escolhidos semana que vem e deverão terminar a minuta em abril de 2016, tarde demais para poder votá-la em referendo em agosto.
O ministro das Relações Exteriores, Don Pramudwinai, disse estar confiante de que será possível encurtar este calendário e de chegarem a um consenso maior sobre o documento final, que se for rejeitado voltaria a atrasar a realização de eleições.
"Se este referendo falhar e a minuta não for aceita, todo o processo seria empurrado de novo para trás. Simples assim", disse Don em entrevista coletiva.
O anúncio aconteceu um dia depois de um jornalista e dois políticos críticos à junta militar serem libertados com a condição de não fazerem mais críticas, após passarem vários dias detidos e incomunicáveis em uma base do exército.
Perguntado se a nova Constituição poderá ser discutida em público livremente, sem risco de prisões, o chanceler negou que as autoridades tenham restringido a liberdade de expressão.
"Não tenho a impressão de que impuseram restrições", disse Don, junto a Wissanu, um dos poucos civis do governo.