Cerca de duas mil pessoas participaram neste sábado da terceira edição de uma manifestação pelo aborto livre em Santiago do Chile, enquanto tramita um projeto de lei que descriminaliza a interrupção da gravidez em três casos específicos.
A passeata começou na Alameda Bernardo O'Higgins, a principal avenida da capital chilena, e terminou em um parque próximo a Praça Itália com um espetáculo musical de conhecidos artistas locais.
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A manifestação foi convocada pela Coordenadora Feministas em Luta (CFL), sob o lema "Nós mulheres, abortamos. Por um aborto livre, gratuito e seguro", e seu objetivo, segundo a organização, é denunciar "a situação de opressão sob a qual vivem as mulheres criminalizadas por abortar".
Isso apesar de se tratar "de uma prática realizada desde tempos imemoráveis", assinalou em comunicado a CFL, que agrupa diversos coletivos a favor do aborto.
Em 4 de agosto, a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados votará um projeto de lei que despenaliza o aborto em três casos: incompatibilidade do feto com a vida, risco de vida para a mãe e quando a gravidez for resultado de estupro.
No Chile, o aborto terapêutico existiu durante a maior parte do século XX, mas a ditadura de Augusto Pinochet tornou a prática em crime em 1989, no apagar das luzes do violento regime, que ficou 17 anos no poder.
Para a CFL, o projeto de lei em trâmite é insuficiente, pois não aborda a questão dos abortos clandestinos, que são a maioria, e também não considera o direito à autonomia de uma mulher por seu corpo.
"Não queremos mais presas por abortar", afirmou a organização, advertindo que a atual legislação criminaliza principalmente as mulheres pobres.
Segundo dados da polícia militar do Chile, em 57% das denúncias de abuso sexual no país, as vítimas são menores de idade e 40% têm menos de 14 anos, enquanto, de acordo com o Ministério Público, acontecem 17 estupros por dia no país.