Eleições no Chile: candidato de extrema direita quer controlar migrantes, mas descarta operações como nos EUA

Durante um debate com a candidata de esquerda, Jeannette Jara, o candidato de extrema direita à presidência do Chile, José Antonio Kast, excluiu na quarta-feira (3) a possibilidade de reproduzir no país latino-americano as operações anti-imigração vistas nos Estados Unidos. O tema da imigração tem sido bastante discutido ao longo da campanha, ofuscando até mesmo questões como saúde e educação.

4 dez 2025 - 13h18

No penúltimo confronto antes do segundo turno, previsto para 14 de dezembro, os candidatos se enfrentaram em um debate na rádio, em particular sobre a questão da imigração irregular, um dos temas dominantes da campanha eleitoral, junto com a falta de segurança.

Jeannette Jara, da esquerda, e José Antonio Kast, da extrema direita, disputam o segundo turno das eleições presidenciais no Chile. Em 14 de novembro de 2025.
Jeannette Jara, da esquerda, e José Antonio Kast, da extrema direita, disputam o segundo turno das eleições presidenciais no Chile. Em 14 de novembro de 2025.
Foto: © Rodrigo Arangua, Guillermo Salgado / AFP / RFI

O ultraconservador de 59 anos está na frente das intenções de voto, entre 55% e 60% segundo as pesquisas. Ele havia ficado em segundo lugar no primeiro turno em 16 de novembro, atrás de Jeannette Jara, comunista moderada que representa uma ampla coalizão de esquerda e centro-esquerda. Ambos concorrem para suceder o presidente de esquerda, Gabriel Boric.

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Os imigrantes "têm 98 dias para deixar o país livremente. Se não o fizerem, uma vez identificados (...), serão expulsos", reiterou Kast, mencionando uma contagem regressiva até a data em que pode assumir a presidência do Chile, em 11 de março de 2026. Se vencer, ele vai se tornar o primeiro dirigente de extrema direita do Chile desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Aumento da criminalidade associado à presença de imigrantes

Apesar de o Chile ser um dos países mais seguros da região, a nação enfrentou, nos últimos anos, um aumento de homicídios e sequestros, o que acentuou a sensação de insegurança. Muitos eleitores associam o aumento da criminalidade à presença de migrantes sem documentos. Cerca de 337 mil pessoas sem documentos vivem atualmente no território chileno, principalmente venezuelanos que fugiram da crise em seu país.

Kast promete expulsões em massa de famílias de migrantes em situação irregular. Mas na quarta-feira, ele descartou operações como as realizadas pela polícia federal de imigração dos Estados Unidos (ICE) sob o governo Trump, que persegue os sem documentos.

"Não estamos falando (de operações) como as do ICE", afirmou, defendendo, em vez disso, controles rigorosos.

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Jeannette Jara criticou seu rival por usar a imigração com fins eleitorais e assim gerar "tensões com outros países". "Sobre esse assunto, é preciso ser responsável", declarou.

A candidata de esquerda, de 51 anos, detalhou seu próprio programa na área. Ela afirmou que não regularizaria nenhum migrante sem documentos e propôs controlar melhor as entradas irregulares no país e registrar as pessoas sem documentos para identificar aquelas com antecedentes criminais.

Os dois candidatos à presidência também marcaram suas diferenças ao se oporem sobre uma lei de eutanásia em análise e sobre a redução da jornada de trabalho, aprovada quando Jara era ministra do Trabalho no governo Boric.

Com AFP

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