Colômbia: escândalo abala candidato a uma semana da eleição

Oscar Iván Zuluaga diz que o vídeo em que aparece conversando com um hacker, acusado de interceptar comunicações para sabotar o processo de paz entre o governo e as Farc, é uma montagem

19 mai 2014 - 11h54
(atualizado às 11h56)
<p>O afilhado político do ex-presidente Álvaro Uribe aparece sentado ao lado de um homem de costas, identificado como Sepúlveda, que lhe fala sobre informação de inteligência militar e "monitoramento de comunicações"</p>
O afilhado político do ex-presidente Álvaro Uribe aparece sentado ao lado de um homem de costas, identificado como Sepúlveda, que lhe fala sobre informação de inteligência militar e "monitoramento de comunicações"
Foto: YouTube/Semana / Reprodução

A campanha pelas eleições presidenciais da Colômbia terminou no domingo em polvorosa, depois da divulgação de um vídeo de denúncia contra Oscar Iván Zuluaga, candidato de direita que, segundo as pesquisas de intenção de voto, disputará palmo a palmo nas urnas com o atual presidente Juan Manuel Santos dentro de uma semana.

A divulgação de um vídeo no qual Zuluaga fala com um hacker, acusado de interceptar comunicações para sabotar o processo de paz entre o governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), marcou o fim da jornada da campanha presidencial.

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Zuluaga, em uma declaração, saiu em defesa de sua integridade; enquanto isso, Santos insistiu que os ataques à negociação de paz com a guerrilha não o desviarão de seu caminho para pôr fim ao conflito que já dura cinco décadas.

Outros candidatos com menos possibilidade de ganhar condenaram o escândalo, e Enrique Peñalosa, candidato da Aliança Verde, pediu a renúncia de Zuluaga, na última intenção de ganhar espaço dentro de uma campanha movida mais por escândalos do que pelas propostas e debates políticos.

O vídeo, publicado pela revista Semana em sua página na Internet, mostra o hacker acusado, Andrés Sepúlveda, atualmente preso, dizendo a Zuluaga que tinha acesso a informações militares confidenciais.

“Esse vídeo vazado à revista Semana faz parte de uma vulgar montagem que foi preparada para manchar nossa campanha”, disse Zuluaga a jornalistas. “A montagem é uma farsa e não por acaso foi publicada quando ganho pontos nas pesquisas e o presidente candidato cai”, acrescentou.

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Zuluaga, impulsionado pelo apoio do ex-presidente Álvaro Uribe, por seu discurso linha-dura contra a guerrilha, pelas críticas ao processo de paz e por uma agressiva campanha de publicidade, ganhou terreno nas pesquisas de intenção de voto.

O candidato de direita reconheceu depois da prisão do hacker que ele havia prestado serviços no gerenciamento de redes sociais de sua campanha e que em uma ocasião se reunira brevemente com ele para cumprimentá-lo, mas negou qualquer relação com suas supostas atividades ilícitas de espionagem.

Santos chega fortalecido à eleição por um acordo sobre drogas alcançado na sexta-feira com as Farc na negociação para acabar com um conflito que já deixou mais de 200 mil mortos, e também pela decisão das Farc e do grupo guerrilheiro Exército da Liberação Nacional (ELN) de declarar uma trégua.

Santos tratou indiretamente sobre o tema do vídeo. “Tenham a segurança de que esses ataques, esses métodos distorcidos não vão me desviar do objetivo de que a Colômbia quer a busca da paz”, afirmou o mandatário em uma solenidade de campanha.

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Quase 33 milhões de colombianos estão habilitados para ir às urnas no próximo domingo. As pesquisas indicam empate técnico entre Santos e Zuluaga, que teriam que se enfrentar em um segundo turno em 15 de junho caso nenhum deles consiga mais de 50 por cento dos votos na primeira etapa.

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