Morte de indígena aumenta tensões em protestos no Equador e complica diálogo com governo

10 out 2019 - 19h37

Ao menos um indígena foi morto durante protestos contra as medidas de austeridade do presidente do Equador, Lenín Moreno, aumentando nesta quinta-feira o clima de tensão e complicando tentativas de diálogo do governo com manifestantes. 

Pessoas carregam caixam de manifestante que dizem ter sido morto durante protestos contra o governo em Quito
10/10/2019
REUTERS/Ivan Alvarado
Pessoas carregam caixam de manifestante que dizem ter sido morto durante protestos contra o governo em Quito 10/10/2019 REUTERS/Ivan Alvarado
Foto: Reuters

As manifestações começaram na semana passada quando Moreno cortou subsídios ao diesel e à gasolina extra, vigentes durante décadas, sob um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de 4,2 bilhões de dólares para ajudar a reduzir um volumoso déficit fiscal. 

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A Defensoria Pública afirmou que um manifestante indígena morreu na quarta-feira durante a manifestação em Quito contra as medidas e confirmou a morte de outras quatro pessoas em protestos em dias anteriores, embora não tenha fornecido detalhes sobre as circunstâncias. 

O governo confirmou mais tarde a morte de uma pessoa "por uma queda e pancada na cabeça" durante as manifestações de quarta-feira e de outra pessoa que foi atropelada nos dias anteriores. 

Milhares de indígenas, que chegaram a Quito de zonas andinas do país, condenaram a morte de seus companheiros em um centro cultural e chamaram o governo Moreno de "assassino". A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) afirmou que ao menos três pessoas morreram na manifestação. 

"Temos lágrimas de ira, mas aprendemos com nossas mães e nossos pais que honramos os mortos na luta nos multiplicando... Por isso, companheiros e companheiras, radicalizemos as ações", afirmou a Conaie em comunicado.

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Nesta quinta-feira, indígenas detiveram oito policiais, entre eles uma mulher, e os obrigaram a tirar suas botas, capacetes e coletes a prova de balas, segundo testemunhas da Reuters. 

A partir de um centro cultural onde estão concentrados, os indígenas exigiram que os canais de TV locais, que estavam realizando coberturas, transmitissem ao vivo a concentração em massa. Além disso, afirmaram que iriam garantir os direitos humanos dos policiais. 

Um dos policiais detidos disse à imprensa que havia chegado nesta quinta-feira de forma voluntária, para mostrar que "a polícia não é repressiva", sem dar mais detalhes. 

O secretário da Presidência, Agusto Briones, exigiu a libertação dos policiais e de "27 jornalistas de diferentes veículos que não tiveram permissão de sair por vontade própria". 

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"Em nome do governo, exigimos que qualquer processo de diálogo seja feito no âmbito da paz e, para isso, a libertação de policiais e jornalistas é uma condição fundamental", disse.

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