Japão aprova reativação da maior usina nuclear do mundo

22 dez 2025 - 08h41

Desativada desde o desastre de Fukushima, autoridades locais deram aval ao reinício de Kashiwazaki-Kariwa. Votação ocorreu em meio a protestos de moradores.O Japão deu um passo final para permitir que a maior usina nuclear do mundo retome operações, quase 15 anos após o desastre de Fukushima, após aprovação das autoridades locais.

Protestos contra a reabertura de usina acompanharam a votação na assembleia legislativa de Niigata
Protestos contra a reabertura de usina acompanharam a votação na assembleia legislativa de Niigata
Foto: DW / Deutsche Welle

A assembleia legislativa da província de Niigata aprovou nesta segunda-feira (22/12) uma decisão do governador Hideyo Hanazumi, anunciada no mês passado, que permite a retomada das operações na usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa.

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Kashiwazaki-Kariwa, localizada cerca de 220 quilômetros a noroeste de Tóquio, estava entre os 54 reatores fechados após o terremoto seguido de tsunami de 2011 que paralisaram a usina nuclear de Fukushima, no pior desastre nuclear desde Chernobyl.

Desde então, o Japão reiniciou 14 dos 33 reatores do país que permanecem operacionalmente viáveis, buscando reduzir a dependência de combustíveis fósseis importados, alcançar a neutralidade de carbono até 2050 e atender às crescentes necessidades energéticas da inteligência artificial.

Primeira usina da Tepco a ser reativada

Kashiwazaki-Kariwa será a primeira usina nuclear operada pela Tokyo Electric Power Company (Tepco) a retomar as operações desde o desastre de Fukushima. A Tepco era a operadora da usina danificada por um tsunami.

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Apesar da ampla oposição pública, o órgão regulador nuclear do Japão declarou os reatores 6 e 7 de Kashiwazaki-Kariwa seguros em 2017, afirmando que eles atendiam aos padrões de segurança mais rigorosos introduzidos após Fukushima.

Com a aprovação agora concedida, a mídia local informou que a unidade do reator 6 deverá ser reiniciada já no próximo mês.

A Tepco busca há muito tempo permissão para reativar seus reatores nucleares a fim de reduzir os altos custos de importação de combustível para geração de energia térmica.

Retomada divide população

Embora os legisladores tenham votado a favor de Hanazumi, a sessão da assembleia, a última do ano, expôs as divisões da comunidade sobre a retomada das operações, apesar dos novos empregos e da possibilidade de redução dos preços das contas de luz.

"Isso não passa de um acordo político que não leva em consideração a vontade dos moradores de Niigata", disse um membro da assembleia contrário à retomada das operações, quando a votação estava prestes a começar.

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Do lado de fora, cerca de 300 manifestantes permaneciam no frio segurando faixas com os dizeres "Não às armas nucleares", "Nós nos opomos à retomada das operações de Kashiwazaki-Kariwa" e "Apoiem Fukushima".

"Estou verdadeiramente furioso", disse Kenichiro Ishiyama, um manifestante de 77 anos da cidade de Niigata, à agência Reuters após a votação. "Se algo acontecer na usina, seremos nós que sofreremos as consequências."

Segundo uma sondagem publicada pela administração local em outubro, 60% dos moradores da região não creem que as condições para a retomada tenham sido atendidas. Quase 70% estão preocupados que a Tepco seja a operadora da usina.

md/ cn(dpa, Reuters, AFP)

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