A escalada da guerra no Oriente Médio mantém o mercado de petróleo volátil, mas a situação do Brasil é de relativa segurança em relação ao abastecimento de derivados da commodity. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), Roberto Ardenghy, afirmou ser possível a Petrobras aguardar maior clareza sobre a tendência do preço do barril do Brent antes de fazer qualquer movimento.
O executivo conta que reuniu a diretoria e técnicos do Instituto nesta manhã para avaliar a situação atual. A conclusão é de que o Brasil tem alternativas para conseguir combustíveis no mercado externo, como Índia, Rússia e até mesmo os Estados Unidos, mas que o preço dos produtos pode se tornar uma dor de cabeça, principalmente se ameaças do Irã, como o fechamento do Estreito de Ormuz, se concretizarem.
"Não há risco na produção de petróleo, mas de escoamento, se houver problemas no transporte. Tanto o Estreito de Ormuz como o Golfo de Aden, que é tão importante como Ormuz, porque conecta o Mar Vermelho ao Oceano Índico, podem ter problemas", afirmou.
O Instituto espera, no curto prazo, uma redução nas tensões geopolíticas na região. "No âmbito nacional, o IBP avalia que esse episódio evidencia a importância de o Brasil manter um regime regulatório e tributário robusto, que sustente os investimentos de longo prazo em campos já descobertos, bem como a necessidade de avançar na atividade de prospecção e exploração de novas acumulações de petróleo no Brasil", afirmou em nota.
Petrobras
No próxima sexta-feira, 27, será a vez de o Conselho de Administração da estatal debater as tendências do preço do petróleo e o impacto no Brasil, segundo fontes informaram ao Estadão/Broadcast.
Na última quarta-feira, 18, a presidente da estatal, Magda Chambriard, disse que ainda era cedo para avaliar uma mudança nos preços da gasolina e do diesel, apesar da defasagem em relação ao mercado internacional.
Ao Estadão/Broadcast, Ardenghy afirmou concordar com a executiva, argumentando que é necessário saber se o petróleo vai mudar mesmo de patamar ou se voltará para o preço anterior, mais próximo dos US$ 65 o barril. "Nesta segunda mesmo, o petróleo abriu em alta de US$ 3 e logo em seguida caiu US$ 3, está volátil, é preciso esperar a poeira baixar", concluiu.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o diesel nas refinarias da Petrobras tem preço 19% menor do que o praticado no mercado internacional, e a gasolina, 9%.