ONU quer continuar cooperação com Brasil, dizem porta-vozes

Em agosto, durante campanha à presidência nas eleições 2018, presidente eleito chegou a dizer que retiraria o Brasil da organização

29 out 2018 - 15h05
(atualizado às 15h29)

Ao comentar a eleição de Jair Bolsonaro para presidente do Brasil, dois porta-vozes da Organização das Nações Unidas (ONU) disseram esperar continuar o trabalho com o País daqui para frente. Durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 29, em Nova York, Monica Grayley, porta-voz da presidente da Assembleia Geral da ONU, Maria Fernanda Espinosa, disse que os eleitores brasileiros fizeram a escolha em eleições livres e democráticas e que o "diálogo" é a melhor ferramenta para processos políticos.

"Ela (Espinosa) defende a escolha soberana que os eleitores fizeram ontem - que os eleitores fizeram em eleições livres e democráticas. Nesse caso, é decisão dos eleitores brasileiros escolherem quem eles desejam ver governar o País. Estamos falando das eleições presidenciais, mas ontem também houve o segundo turno de eleições para governadores. Ela respeita isso e acredita que o diálogo é a melhor ferramenta para processos políticos em todos os lugares", afirmou Monica, questionada se Espinosa possui alguma preocupação com discursos extremados de Bolsonaro.

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Presidente Michel Temer discursa na Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2017
19/09/2017
REUTERS/Lucas Jackson
Presidente Michel Temer discursa na Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2017 19/09/2017 REUTERS/Lucas Jackson
Foto: Reuters

Sem mencionar o nome de Bolsonaro, a porta-voz da presidente da Assembleia Geral disse que Maria Fernada Espinosa espera continuar a trabalhar com o Brasil. "Espinosa soube da eleição ontem. Ela parabeniza o povo brasileiro e todos os novos representantes eleitos, todos eles. Ela espera continuar a trabalhar com o Brasil. É um estado-membro muito importante, um estado-membro fundador da organização. Ela espera continuar seu trabalho de implementação da agenda 2030, mas também em uma série de prioridades de sua agenda", afirmou a porta-voz, durante coletiva de imprensa em Nova York.

Em agosto, durante campanha à presidência, Bolsonaro chegou a dizer que retiraria o Brasil da ONU. "Se eu for presidente eu saio da ONU, não serve pra nada esta instituição", afirmou o então candidato. "É uma reunião de comunistas, de gente que não tem qualquer compromisso com a América do Sul, pelo menos", completou. Dois dias depois, Bolsonaro voltou atrás e disse ter cometido um "ato falho" ao falar da ONU. "Eu jamais pensaria em sair da ONU. É sair do conselho de direitos humanos da ONU", disse Bolsonaro.

Stéphane Dujarric, o porta-voz do secretetário geral António Guterres, também destacou a importância do Brasil na organização. "O secretário-geral parabeniza o povo brasileiro pelo espírito democrático mostrado em sua participação e ressalta a importância da contribuição do Brasil para a organização e espera continuar a colaboração. O novo presidente vai assumir em 1º de janeiro e esperamos continuar com a importante relação que a ONU tem com o Brasil", afirmou.

Questionado por duas vezes por jornalistas, ele evitou responder se há uma preocupação por parte do secretário-geral da ONU, Guterres, com discursos extremados de Bolsonaro. "O ponto é que a eleição foi feita, o povo do Brasil participou em um exercício de democracia vibrante e o secretário-geral quer continuar com a cooperação com o Brasil quando o novo presidente assumir o mandato a partir de 1º de janeiro", respondeu Dujarric, completando que o Brasil desempenha um papel crítico em temas da agenda da ONU.

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