'Não pode chamar de nova política qualquer pessoa que se elege pela 1ª vez', diz Marina Helou

Candidata da Rede à Prefeitura de São Paulo diz em sabatina que termo deve estar associado à atuação pública de qualidade

23 out 2020 - 15h58
(atualizado às 19h45)

Candidata a prefeita de São Paulo pela Rede, a deputada estadual Marina Helou defendeu que a "nova política" não é representada necessariamente por alguém que se elege pela primeira vez a um cargo público, mas sim por aqueles que propõem políticas públicas de qualidade.

O discurso é alinhado ao que defendem movimentos de renovação política aos quais Marina é associada, como RenovaBR, Acredito e Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps). "As pessoas falam bastante de nova política. Na minha visão, não pode chamar de nova política qualquer pessoa que se elege pela primeira vez", disse a candidata, nesta sexta-feira, 23, em sabatina do Estadão.

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Ela afirmou que, caso eleita, vai propor políticas públicas baseadas em "dados e evidências", mesmo que sejam medidas impopulares, como a redução de velocidade nas marginais e a volta das inspeções veiculares. "Fazer políticas públicas baseadas em dados e evidências é enfrentar a opinião popular", disse.

Ao ser questionada sobre a obrigatoriedade de se filiar a partido para disputar eleições, Marina disse que é preciso melhor as legendas e não negá-las e defendeu a democracia representativa e partidária. "Não entendo que o partido seja a única forma possível para se candidatar, mas são importantes. Porém, os partidos se conectaram ao poder. Precisamos avançar em uma discussão sobre partidos, sobre transparência partidária. Precisamos melhorar os partidos e não negá-los."

Emendas aos vereadores

Marina foi questionada se continuaria, enquanto prefeita, concedendo as emendas não obrigatórias aos vereadores de São Paulo. "Eu acredito que eles estão ali, sim, representando a população de São Paulo e eles merecem respeito. Os vereadores querem melhorar a educação, a saúde, e fazer negociações com diálogo é a forma que vou governar. Continuarei com o pagamento de emendas porque os vereadores conhecem mais o território, mas com muita transparência."

Adversários

A candidata afirmou que sua candidatura na Rede se deu porque o partido não se viu representado pelos demais projetos aprovados nas convenções partidárias. Ela disse que seu grupo político teve conversas "adensadas" com o então pré-candidato do PV, Eduardo Jorge, que acabou não oficializando sua candidatura. "Há candidaturas para lacrar na internet, que crescem a partir da polarização. Eu não me via em nenhuma dessas candidaturas. Precisamos de mais mulheres na política e votar em mulheres nas eleições."

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Minhocão

"A cidade foi planejada para os carros e não para as pessoas. O Minhocão é o maior símbolo disso", afirmou Marina, que planeja demolir o elevado. Ela afirmou, porém, que esta não está entre as prioridades de seu eventual governo. "Há um problema estrutural, abafa a região, é ruim para as pessoas. Não acho que dá para fazer isso agora. Temos que criar fundo para que possamos fazer isso com orçamento. Minha prioridade será investir em pessoas, saúde, educação".

Marginais a 50km/h

A candidata defendeu a volta da redução de velocidade nas marginais de São Paulo para 50km/h. "Quando a gente vê os dados da redução, a gente teve uma redução no número de mortes e de acidentes, e uma melhor mobilidade nas grandes vias. Esses dados comprovam que foi uma boa medida, ainda que polêmica". Questionada sobre a forma como a medida de reduzir a velocidade foi mal recebida pela população, Marina afirmou que a medida teve "má comunicação".

"Eu acho que teve uma má comunicação. Quando não tem base em evidências, eu acho que é ruim, que é má política. A gente tem acompanhado a questão do número de vagas em creches sem ter as vagas concretas. Eu acredito que quando feita com transparência, elas entendem e a gente tem a capacidade de implementar."

Combate ao racismo

Marina disse que uma das principais preocupações na construção do plano de governo foi o combate ao racismo. O plano dedica um capítulo ao tema. "Pensar políticas públicas que se desdobram como fortalecimento do investimento ao empreendedorismo das mulheres negras. A gente coloca um critério de vulnerabilidade para vagas na creche. Eu acho que é hora da gente fazer diferente. São Paulo é uma cidade diversa, plural, a gente traz mais profundidades para as discussões e, a partir daí, avança em políticas públicas."

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Volta às aulas

Marina criticou a falta de planejamento da gestão Bruno Covas para a volta às aulas na pandemia. "Eu teria pensado nos protocolos para fazer o retorno o mais seguro possível. Seria a minha prioridade desde o dia 1 quando fechamos as escolas. As aulas presenciais, na minha visão, são fundamentais. A volta às aulas presenciais de forma segura fala também da relação socioemocional dessas crianças. Se eu fosse prefeita, teria sido feito um plano para esse retorno de forma segura."

Saneamento básico

Uma das principais bandeiras da campanha de Marina é a sustentabilidade. Ela afirmou que investir em saneamento básico é investir em saúde. "Quando a gente fala em uma cidade sustentável, é uma cidade com saneamento básico. A gente precisa casar os programas de habitação social com os programas de saneamento básico para avançar nesse tema. Na questão do tratamento, a gente coloca 100% mas não tem como pensar em grandes centrais, da forma que é feita hoje. Como ela disse, investir em saneamento é investir em saúde. E pode gerar emprego e renda." /PAULA REVERBEL, BRUNO RIBEIRO e MATHEUS LARA

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