O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a se defender contra acusações de pedofilia após dizer que "pintou um clima" com meninas venezuelanas durante uma entrevista. Durante debate na Band, ele acusou o PT de propagar fake news e se apoiou na recente decisão do TSE de remover de circulação os conteúdos que reproduziam os vídeos.
"Me acusou de pedofilia, tentando me atingir naquilo que eu tenho de mais sagrado, a defesa da família brasileira e das crianças", começou. O presidente também incluiu em sua fala a recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral que removeu as propagandas do PT que levavam o trecho da entrevista.
No texto, TSE diz que houve divulgação de um fato “sabidamente inverídico, com grave descontextualização e aparente finalidade de vincular a figura do candidato ao cometimento de crime sexual”. A pena em caso de não cumprimento, no prazo de duas horas a partir da ciência da decisão, é de R$ 100 mil. A mesma multa deve ser aplicada em caso de novas veiculações da campanha de Lula.
"Pintou um clima"
A polêmica começou após uma declaração do presidente a um podcast na sexta-feira, 14. Respondendo a uma pergunta sobre a hipótese de o Brasil se tornar comunista numa eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, ele insinuou que meninas venezuelanas têm de se prostituir no Brasil para "ganhar a vida". Bolsonaro relatou que, em 2020, estava andando de moto em Brasília quando viu meninas "arrumadinhas" de "14, 15 anos", até que "pintou um clima" e ele pediu para entrar na casa delas.
"Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, de moto. Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas no sábado numa comunidade, e vi que eram parecidas. Pintou um clima, voltei. 'Posso entrar na sua casa?', entrei. Tinha umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. Aí eu te pergunto, menina bonitinha se arrumando sábado de manhã para quê? Para ganhar a vida", disse o presidente ao podcast.
O deputado distrital Leandro Grass (PV) encaminhou ofício à Procuradoria-Geral da República pedindo investigação sobre a conduta do chefe do Executivo. No documento, o parlamentar argumenta que "tão grave" quanto a declaração sobre ter "pintado um clima" foi o fato de o presidente ter identificado uma situação de exploração de menores e "não ter feito uma denúncia formal para as autoridades competentes".
"Se havia algum problema por ele verificado, deveria procurar as instâncias de controle, justamente para que providências fossem tomadas. Há, na região, Conselho Tutelar ativo e que exerce seu mister com bastante competência", diz o ofício.