Universidade de Columbia demitiu 180 pesquisadores após cortes de 400 milhões de dólares ordenados pelo presidente Trump, decorrentes de denúncias de antissemitismo no campus; União Europeia e França criaram fundo para atrair cientistas afetados.
A Universidade de Columbia, uma das mais antigas e prestigiosas instituições de ensino superior dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira, 7, a demissão de 180 pesquisadores envolvidos em projetos custeados por concessões financeiras e contratos firmados com o governo federal.
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A decisão foi publicada em um comunicado emitido em carta aberta, assinada pela presidente interina Claire Shipman. No documento, a gestora afirmou que tomou uma 'decisão difícil' ao rescindir ou não renovar contratos com os pesquisadores financiados por recursos federais.
O corte de 400 milhões de dólares (R$ 2,3 bilhões, na cotação atual) foi anunciado no março passado pelo presidente Donald Trump como uma 'represália' a supostas denúncias de práticas antissemitas nos arredores do campus de Nova Iorque. O republicano prometeu, ainda, cortar 'bilhões' caso a universidade não se responsabilizasse pelas denúncias.
As demissões representam 20% do quadro de funcionários ligados a atividades de pesquisas financiadas com recursos federais, explicou Claire.
"As lideranças da universidade continuam a debater, com o governo federal, a manutenção das pesquisas custeadas pelos recursos federais que continuaram ativas, mas sem financiamento. Estamos trabalhando e planejando-nos para todas as eventualidades, mas a pressão, financeira e científica, é intensa", afirmou a presidente.
Claire assumiu interinamente a presidência da Universidade de Columbia em março passado, em meio a polêmicas sobre denúncias de antissemitismo. Em meio ao segundo mandato de Trump, a instituição se tornou palco de protestos pró-Palestina, o que levou à adoção de novas medidas disciplinares em alinhamento com as políticas de Trump.
Entre as medidas, a diretoria da universidade proibiu o uso de máscaras em protestos, implementou 36 policiais com autoridade de efetuar prisões dentro do campus e indicou um novo vice-reitor para supervisionar atividades acadêmicas ligadas ao Oriente Médio. No entanto, as mudanças não foram capazes de parar o corte do governo Trump.
Na segunda-feira, 5, a União Europeia e a França anunciaram um fundo de 500 milhões de euros (R$ 3,2 bilhões) para atrair pesquisadores norte-americanos afetados pelos cortes de Trump. O dinheiro financiará projetos de pesquisa e ajudará as universidades a cobrir o custo de trazer cientistas estrangeiros para ajudar a administrá-los, disseram as autoridades.